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Paraguai detém brasileiro para extradição aos EUA por lavagem de dinheiro

24/08/2021 22h49

Asunción, 25 Ago 2021 (AFP) - Um comerciante brasileiro descendente de libaneses, Kassem Hijazi, foi detido nesta terça-feira (24) no Paraguai a pedido dos Estados Unidos, que o acusam de transferir quantias milionárias de dinheiro provenientes do tráfico de drogas, informou o Ministério Público.

"Conseguiu-se a detenção com fins de extradição de Kassem Mohamand Hijazi, procurado por lavagem de ativos provenientes do narcotráfico", anunciou em sua conta no Twitter a procuradora-geral do Estado, Sandra Quiñonez.

Hijazi foi detido em seu escritório na Ciudad del Este, a segunda mais importante do país, situada na tríplice fronteira com o Brasil e a Argentina e transferido imediatamente de avião para a capital paraguaia.

Sua captura foi solicitada nesta terça pela justiça americana com fins de extradição e tramitada imediatamente em coordenação com a Secretaria Antidrogas.

Pecci disse em coletiva de imprensa que Hijazi é acusado de lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico em valores estimados inicialmente em 1,6 bilhão de dólares.

O Departamento do Tesouro informou nesta terça que Hijazi "é o suposto chefe de uma organização de lavagem de dinheiro baseada em Ciudad del Este".

- Chefe de organização de lavagem de dinheiro -Washington sancionou nesta terça Hijazi e outras duas pessoas, assim como cinco empresas suspeitas de participar de seu sistema de lavagem de dinheiro na Tríplice Fronteira.

"Tomadas em coordenação com a agência de combate às drogas (DEA) e o Departamento de Segurança Interna (DHS), essas ações representam um esforço de todo o governo para combater a corrupção na área da Tríplice Fronteira de Argentina, Brasil e Paraguai", declarou o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

"Os Estados Unidos estão empenhados em apoiar os esforços do Paraguai para combater a corrupção e promover a responsabilização daqueles que prejudicam as instituições governamentais", acrescentou o secretário de Estado em um comunicado.

O governo do presidente Joe Biden fez da luta contra a corrupção uma de suas bandeiras de política externa.

As sanções sob a Lei Global Magnitsky, pela qual Washington pune aqueles que cometeram atos de corrupção em outros países, foram aplicadas contra Hijazi, além de Khalil Ahmad Hijazi e Liz Paola Doldan González.

As empresas España Informática S.A., Emprendimientos Inmobiliarios Misiones S.A., Apolo Informatica S.A., Mundo Informatico Paraguay S.A. e Mobile Zone International Import-Export S.R.L. também foram bloqueadas do sistema financeiro dos Estados Unidos.

Como despachante aduaneiro desde pelo menos 2017, Hijazi dirige uma organização de lavagem de dinheiro com sede em Ciudad del Este, acusou o Tesouro americano, citando investigações da DEA e do escritório do DHS sobre crimes transnacionais.

O Tesouro acrescentou que seus "fortes laços" com políticos, policiais, promotores e corretores de câmbio proporcionam "segurança" e "poder econômico", e suas "conexões" com funcionários do governo lhe permitem contornar a lei.

Policiais do departamento de Alto Paraná cobram um salário mensal para trabalhar para Kassem Mohamad Hijazi, de acordo com o Tesouro, que afirmou que "a Rede Hijazi" atua nos Estados Unidos, América do Sul, Europa, Oriente Médio e China.

A empresa España Informática S.A. é usada para coordenar com fornecedores nos Estados Unidos e China a importação de equipamentos eletrônicos para o Paraguai, a fim de sonegar impostos e lavagem de dinheiro. O volume anual estimado de mercadorias importadas para o Paraguai é de "várias centenas de milhões de dólares".

Doldan González, sancionada por atuar como intermediária nos embarques para os Estados Unidos mediante o pagamento de propinas a funcionários da alfândega, já havia sido alvo em 2019 de uma operação da procuradoria anticorrupção do Paraguai.

O Tesouro lembrou que foram realizadas 15 operações simultâneas em Ciudad del Este e Assunção para desmantelar uma suposta rede de importação de produtos eletrônicos de ponta dos Estados Unidos, que foram posteriormente subvalorizados nas declarações de impostos. Este esquema gerou pelo menos 675 milhões de dólares, de acordo com reportagens da imprensa.

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