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Distúrbios no Cazaquistão abalam petróleo, mas deixam urânio intacto

Investidores temem problemas de abastecimento porque Cazaquistão é membro da OPEP+, que reúne maiores produtores de petróleo do mundo - Henry Romero/Reuters
Investidores temem problemas de abastecimento porque Cazaquistão é membro da OPEP+, que reúne maiores produtores de petróleo do mundo Imagem: Henry Romero/Reuters

08/01/2022 12h53

Os distúrbios no Cazaquistão, membro da OPEP+, abalam os preços do petróleo, já que os investidores temem problemas de abastecimento, mas o mercado do urânio segue intacto até o momento, do qual o país da Ásia central é o segundo produtor mundial.

"Os distúrbios representam claramente um risco no abastecimento do mercado mundial" do petróleo, afirma à AFP Bjarne Schieldrop, analista da Seb.

Durante a semana, os preços do petróleo subiram cerca de 5% e na sexta-feira o Brent superou os 83 dólares por barril, "seu nível mais alto desde a queda dos preços causada pelo surgimento da variante ômicron no final de novembro", segundo Carsten Fritsch, analista da Commerzbank.

Os protestos começaram no último domingo nas províncias, após um aumento do preço do gás, e se espalharam para outras ciudades, principalmente para a capital econômica Almaty, onde as manifestações se transformaram em distúrbios violentos.

Na sexta-feira, o presidente Kassym Jomart Tokayev descartou negociar com os manifestantes.

A curto prazo

O país é o maior produtor de petróleo da Ásia central, com as 12 reservas comprovadas de petróleo do mundo, segundo a Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA). O Cazaquistão produzia 1,8 milhão de barris diários em 2020.

É também o segundo produtor de petróleo dos países sócios da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), reunidos na chamada OPEP+, atrás da Rússia.

O ouro negro representava 21% do PIB cazaque em 2020, segundo o Banco Mundial.

A produção de Tengizchevroil, a maior empresa de petróleo do Cazaquistão, foi "ajustada temporariamente devido aos protestos no campo de Tengiz", afirmou Stephen Brennock, da PVM Energy.

No entanto, para muitos analistas nada indica que a produção de petróleo cazaque será afetada significativamente. Na sexta-feira, "a produção nos três principais campos do país continuava", explicou Brennock.

"Os distúrbios no Cazaquistão aumentam a curto prazo", destacou Neil Wilson, analista do Markets.com.

Prova disso, no fechamento de sexta-feira os preços do petróleo caíram um pouco: o Brent caía 0,28% até 81,76 dólares às 16h30 e o WTI 0,54%, até 79,03 dólares.

Urânio intacto

Cazaquistão, o nono maior país do mundo, conta com grandes quantidades de manganês, ferro, cromo e carvão.

Também possui as segundas reservas de urânio identificadas no mundo, segundo o relatório anual de matérias-primas Cyclope. Fornecedor de usinas atômicas francesas, gera 40% da produção mundial, segundo dados do CRU Consulting.

Para Toktar Turbay, analista da CRU Consulting, a crise atual poderia representar um "pequeno incômodo" no abastecimento, já que a China acumulou urânio suficiente para satisfazer suas necessidades em caso de problemas a curto prazo.

Há minas de urânio "em regiões remotas do oblast (província) do Turquestão, muito distantes das manifestações e distúrbios atuais no país", explica.

Mas alerta que "mais da metade das exportações de urânio cazaque está destinada à China. Pode haver obstáculos logísticos para a entrega de produtos nas fronteiras, já que os principais itinerários passam pela região de Almaty", onde acontecem os principais confrontos.