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Invasão russa afeta mercados, mas Wall Street se salva

24/02/2022 20h00

Paris, 24 Fev 2022 (AFP) - As bolsas europeias sofreram perdas nesta quinta-feira (24), as matérias primas dispararam e Wall Street fechou em alta após um dia agitado marcado pela invasão russa da Ucrânia.

Os mercados de ações europeus sofreram uma das piores sessões desde março de 2020, quando começaram os bloqueios pela pandemia, perdendo até 5% na pior hora do dia.

O preço do barril de petróleo ultrapassou os 100 dólares pela primeira vez em mais de sete anos e as bolsas mundiais caíram após o lançamento de uma ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia.

A exceção foi a bolsa de Nova York, que abriu em forte queda, mas se recuperou e fechou em alta. O principal índice, Dow Jones, subiu 1,5%, o Nasdaq, de ações de tecnologia, ganhou 3,3% e o índice ampliado S&P 500 subiu 1,5%.

Os investidores de Wall Street, que alegavam ter precificado a provável invasão russa, se reposicionaram quando o ataque ocorreu. "Diante de um evento geopolítico ou de uma guerra, você compra ao primeiro som dos canhões", disse o analista Tom Cahill.

As bolsas europeias abriram com fortes quedas que chegaram a 5% em Frankfurt, mas foram se tornando relativamente moderadas mais tarde.

O Frankfurt DAX caiu 3,96% e o FTSE de Londres 3,82%, enquanto o CAC 40 em Paris perdeu 3,83%.

O FTSE MIB de Milão caiu 4,10% e o IBEX 35 de Madrid 2,86%.

A moeda russa, o rublo, atingiu seu mínimo histórico em relação ao dólar (até 9%), antes da intervenção do Banco Central russo.

Na Ásia, Hong Kong perdeu 3,21%. Tóquio fechou em queda de 1,81%, e Xangai, de 1,70%.

O preço do barril de petróleo do tipo Brent do Mar do Norte para entrega em abril - referência na Europa - operava em alta de 7,69%, negociado a 104,29 dólares.

Em Nova York, o West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril registrava alta de 7,52%, a US$ 99.

Na madrugada desta quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma "operação militar" na Ucrânia. Kiev diz se tratar de uma "invasão em grande escala".

"Neste momento, é impossível apostar em qualquer cenário", diz Ipek Ozkardeskaya, analista da empresa de investimentos SwissQuote, para quem este "é o pânico nos mercados".

"Podemos apenas acompanhar de perto os últimos acontecimentos e estar preparados para mais volatilidade", acrescentou.

- Ativos seguros se valorizamNas últimas semanas, a ameaça de uma guerra despertou temores sobre o abastecimento de produtos básicos chave, como trigo e metais, em meio a uma demanda crescente na reabertura das economias, após os fechamentos provocados pela pandemia da covid-19.

Nesta quinta-feira, o preço dos cereais bateu um recorde para as operações na Europa e o trigo alcançou o valor recorde de 344 euros por tonelada na plataforma Euronext, informaram analistas e operadores.

As cotações do trigo e do milho - dos quais a Ucrânia é o quarto maior produtor mundial - subiram de forma expressiva na abertura, poucas horas do início da invasão.

Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro - que subiu 2,43%, a 1.955,47 dólares a onça -, o dólar e o iene japonês, também se valorizaram.

"As tensões russo-ucranianas provocam um possível choque de demanda (na Europa) e um choque maior no abastecimento para o restante do mundo, em vista da importância da Rússia e da Ucrânia para (o setor de) a energia", declarou Tamas Strickland, do National Australia Bank.

Para um analista da Swissquote, "o aumento dos preços da energia é uma grande dor de cabeça para a Europa, porque 40% de seu gás natural e 30% de seu petróleo procedem da Rússia".

Em relação ao gás natural, o mercado de referência na Europa, aumentava 50% a mais do que na véspera.

A crise ocorre em um momento em que governos ao redor do mundo lutam para conter a inflação, alimentada por uma demanda crescente causada pela reabertura econômica mundial após os fechamentos provocados pela pandemia.

Grande parte das atenções está concentrada do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), cujas autoridades se preparam para elevar as taxas de juros em março para conter o aumento dos preços.

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