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Entenda por que a inflação bateu recorde dos últimos 40 anos em março nos EUA

Neste contexto de crise, os preços dos alimentos e da energia subiram no mundo todo - Byjeng/iStock
Neste contexto de crise, os preços dos alimentos e da energia subiram no mundo todo Imagem: Byjeng/iStock

Da AFP

12/04/2022 19h27Atualizada em 12/04/2022 19h59

Os preços seguem subindo com força nos Estados Unidos, e a inflação anualizada alcançou em março o nível mais alto em quatro décadas, de 8,5%, impulsionada pela guerra na Ucrânia.

O principal responsável pela alta nos preços foi a gasolina, que disparou principalmente após a invasão russa à Ucrânia. Em fevereiro, o índice de preços ao consumidor havia registrado 7,9% em 12 meses.

O relatório é o primeiro a incluir o impacto da invasão russa da Ucrânia e das consequentes sanções ocidentais contra Moscou. Neste contexto de crise, os preços dos alimentos e da energia subiram no mundo todo.

Em um mês, os preços aumentaram 1,2%, contra 0,8% em fevereiro. Apenas o preço da gasolina nos Estados Unidos subiu 18,3% em relação ao mês anterior, representando cerca de metade da inflação, informou o Departamento do Trabalho.

Os preços totais da energia subiram 11% em relação a fevereiro, segundo o relatório.

Impacto da energia e das matérias-primas

"A alta nos preços das commodities ligada à invasão da Ucrânia pela Rússia está na raiz dessa inflação muito elevada", destacou a diretora do banco central americano Lael Brainard, em entrevista ao "Wall Street Journal".

O conflito na Ucrânia "alimentou a inflação galopante por meio do aumento dos preços de energia, alimentos e commodities, agravados por problemas nas cadeias de suprimentos", resumiu Kathy Bostjancic, economista-chefe da Oxford Economics.

A analista antecipou um pico da inflação em maio, na ordem dos 9%, e depois uma descida lenta, para "terminar o ano acima dos 5%".

Os preços da habitação e dos alimentos também impulsionam o aumento geral dos preços, de acordo com o relatório oficial. Mas se excluídos os preços mais voláteis da energia e dos alimentos, a inflação se modera em relação a fevereiro, ficando em 0,3% contra 0,5%, na comparação mês a mês.

Os preços dos veículos usados, que pressionam a inflação há meses, caíram 3,8% em março. Em contrapartida, em 12 meses, a inflação subjacente atingiu seu nível mais alto desde agosto de 1982.

"Esperamos que (estes dados) sejam o pico, porque realmente não queremos atingir a inflação de dois dígitos", disse o economista Joel Naroff.

Casa Branca busca agir

O governo já havia alertado ontem que a inflação seria "extraordinariamente alta" e anunciou hoje uma série de iniciativas destinadas a aumentar o uso e a produção de biocombustíveis, em um esforço para baixar os preços da energia.

Após optar pelo uso de volumes históricos de reservas estratégicas de petróleo, o presidente Joe Biden tem poucos recursos para afastar o que a Casa Branca sistematicamente chama de "efeito Putin" sobre a inflação, em uma tentativa - até agora malsucedida - de minimizar o custo político do aumento dos preços para o democrata.

Biden lamentou hoje a forte inflação e voltou a mirar no presidente russo, argumentando que "70% do aumento dos preços em março provêm do aumento dos preços da gasolina de Putin".

O governo decidiu que o combustível E15, que contém 15% de etanol, pode ser vendido no verão, quando sua distribuição é normalmente proibida na época. Também vai liberar fundos para instalações de produção de biocombustíveis e incentivará o desenvolvimento de biocombustíveis para aviação.

Biden espera matar vários coelhos com uma cajadada só: baixar a gasolina nos postos de gasolina, apostar no meio ambiente e na independência energética e ganhar pontos com os produtores rurais, onde não é muito popular.

Há um ano, a inflação, que reduz o poder de compra das famílias, está acima da meta de 2% do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano). Março é o sexto mês consecutivo em que a inflação anualizada permanece acima de 6%.

Em meados do mês passado, o Fed começou a elevar suas taxas de referência - em 0,25 ponto-base para 0,25%-0,50% ao ano - para encarecer o crédito e conter o consumo e o investimento. Os ajustes continuarão ao longo do ano.