Economia da China registra crescimento de 4,8% no 1º trimestre
A China anunciou hoje um crescimento de 4,8% da economia, em ritmo anual, no primeiro trimestre, apesar do confinamento por covid-19 em várias cidades, incluindo Xangai, principal centro empresarial do país.
A alta no primeiro trimestre supera o crescimento de 4% registrado no mesmo período de 2021, informou o ONE (Escritório Nacional de Estatísticas) da China.
A economia chinesa enfrenta "desafios importantes", admitiu Fu Linghui, diretor do ONE.
A segunda maior economia do mundo começou a desacelerar no segundo semestre de 2021 com a crise no setor imobiliário e o aumento de casos de covid-19, que provocou confinamentos em várias cidades.
As restrições de saúde em grandes cidades do país, incluindo Xangai e o centro tecnológico de Shenzhen, também afetaram os números do comércio varejista e do emprego.
O dado do crescimento, no entanto, não reflete totalmente o impacto do confinamento em Xangai, que deixou milhões de pessoas em casa por várias semanas.
Desta maneira, cresce a pressão sobre as autoridades para alcançar a meta de crescimento de 5,5% para 2022, um ano crucial para o presidente Xi Jinping, que aspira permanecer no poder por mais um mandato de cinco anos.
Cenário difícil
"Devemos entender que, com o cenário local e internacional cada vez mais complicado e incerto, o desenvolvimento econômico enfrenta dificuldades e desafios crescentes", afirmou Linghui em um comunicado.
Além do aumento de casos de coronavírus, as sanções contra a Rússia pela invasão da Ucrânia também afetam a economia chinesa.
A China registrou este ano um aumento na produção industrial e o consumo foi estimulado pelo feriado do Ano Novo Lunar, mas as restrições aos deslocamentos aplicadas em março pela pandemia afetaram a economia.
A produção industrial subiu 5% em março, abaixo do período de janeiro e fevereiro, de acordo com o ONE.
Ao mesmo tempo, o comércio varejista caiu 3,5% e o desemprego urbano subiu a 5,8% em março, segundo a agência de estatísticas.
"A atividade de março sugere que a economia chinesa desacelerou, especialmente o consumo doméstico", afirmou Tommy Wu, economista-chefe para China da Oxford Economics.
O governo chinês tenta alcançar um equilíbrio entre "minimizar a interrupção (da economia) e a contenção da nova onda de contágios de covid-19", acrescentou Wu, antes de alertar que a pressão sobre a economia pode seguir até maio ou inclusive por mais tempo.
Na semana passada, montadoras como XPeng e Volkswagen alertaram para graves interrupções na cadeia de suprimentos e possivelmente a paralisação da produção em caso de persistência do confinamento em Xangai, uma metrópole de 25 milhões de habitantes.
O porto de contêineres de Xangai, o mais movimentado do planeta, registra acúmulo de produtos, o que levou o grupo de transporte marítimo Maersk a anunciar a interrupção do envio de contêineres refrigerados à cidade.
"Mais impactos pelo confinamento são iminentes", alertou Iris Pang, economista-chefe para China do ING.
Pang afirmou que outras cidades podem tentar replicar o êxito de Shenzhen, que retomou rapidamente as atividades ao adotar mediras rígidas com poucos pacientes de covid-19.
Shenzhen, uma potência tecnológica no sul do país, permaneceu em confinamento por uma semana após um surto de covid-19 em março, mas logo em seguida suspendeu as restrições.
Xangai registrou nesta segunda-feira as primeiras três mortes por covid-19 desde o início do confinamento em março. A cidade registrou 22 mil novos casos de coronavírus em 24 horas.
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