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Guerra na Ucrânia prejudica recuperação econômica europeia, segundo o FMI

19/04/2022 11h47

Paris, 19 Abr 2022 (AFP) - Meses se passam e as preocupações com uma desaceleração econômica na zona do euro devido à guerra à sua porta se confirmam: o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou nesta terça-feira (19) o custo em mais de um ponto do PIB este ano.

O FMI espera agora um crescimento de 2,8% nos países da zona do euro, uma forte desaceleração após os 3,9% antecipados em suas previsões anteriores em janeiro e os 4,3% ainda esperados nas de outubro.

"Os principais canais pelos quais a guerra na Ucrânia e as sanções econômicas impostas à Rússia afetam a economia da zona do euro são o aumento global dos preços da energia e a segurança energética", escreve a instituição de Washington em sua previsão econômica divulgada nesta terça-feira, intitulada "Guerra Atrasa a Recuperação Global".

No mês passado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já havia elaborado uma observação semelhante, estimando que o crescimento da zona seria reduzido em cerca de 1,4 ponto e que a inflação aumentaria 2,5 pontos ao longo de um ano se o os efeitos da guerra forem duradouros.

"A guerra na Ucrânia está afetando severamente a economia da zona do euro", reconheceu na semana passada a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, apontando para um declínio na confiança e a persistência dos custos elevados da energia na vida cotidiana de famílias e empresas.

O BCE também revisou seu otimismo para baixo no mês passado, antecipando um crescimento de apenas 3,7% este ano e a inflação subindo acentuadamente.

- Inflação recorde -Quase dois meses após o início do conflito, a guerra na Ucrânia mantém alta pressão sobre os preços: o petróleo continua acima de US$ 100 o barril depois de ter oscilado perto de níveis históricos em março, mês em que gás, trigo, alumínio, níquel e outras matérias-primas dispararam a níveis recordes, levando a inflação europeia a um máximo histórico de 7,5%.

Nem todos os Estados sofrerão da mesma forma com o choque econômico da guerra, prevê o FMI. Aqueles com "um setor manufatureiro relativamente grande e uma maior dependência da energia russa" sofrerão os efeitos mais pesados, com Itália e Alemanha na liderança, para os quais Moscou fornece muito gás.

Já fragilizada pela interrupção das cadeias produtivas globais no contexto da crise sanitária em 2021, a Alemanha viu sua previsão de crescimento para 2022 ser reduzida para 2,1% pelo FMI, uma queda de 1,7 ponto em relação à previsão de janeiro. A Itália deverá crescer 2,3%, uma queda de 1,5 pontos.

O FMI prevê uma leve melhora para a Alemanha em 2023, com 2,7% (+0,2 ponto), para a Itália de 1,7% (-0,5 ponto) e para a zona do euro como um todo 2,3% (-0,2 ponto).

A França também sofrerá o efeito da guerra com um PIB em alta de 2,9% este ano, ou seja, 0,6 ponto a menos que nas previsões de janeiro, e 1,4% em 2023 (-0,4 ponto).

Diante da desaceleração econômica global generalizada este ano e no próximo, a instituição de Washington pede aos Estados que continuem apoiando a atividade quando puderem.

"Embora vários Estados precisem consolidar suas finanças públicas, isso não deve impedir os governos de oferecer assistência direcionada aos refugiados deslocados pelo conflito, às famílias afetadas pelo aumento dos preços dos alimentos e combustíveis e às afetadas pela pandemia", escreve Pierre-Olivier Gourinchas.

alb/soe/LyS/mr