Euro tem leve queda ante o dólar pela 1ª vez desde fim de 2002
Londres, 13 Jul 2022 (AFP) - A cotação do euro ficou brevemente abaixo do dólar na quarta-feira (13), pela primeira vez desde dezembro de 2002, quebrando um limite simbólico, afetado por perspectivas sombrias para a economia europeia em meio a temores de que o fornecimento de gás russo possa ser cortado.
Em um momento de aceleração inflacionária nos Estados Unidos, que abre as portas para uma política monetária contracionista do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), o euro foi negociado a US$ 0,9998 por volta das 12h45 GMT (9h45 em Brasília). Depois, a moeda única europeia subiu.
Os temores de uma interrupção total das entregas de gás russo para a Europa estão ganhando força. O governo francês chegou a mencionar um "provável" corte no abastecimento no fim de semana.
"Até onde esta queda pode ir? Isso depende, provavelmente, da vontade da Rússia de agravar a guerra econômica contra a Europa", comentou Jane Foley, da firma Rabobank, destacando que "adivinhar" as intenções do presidente russo, Vladimir Putin, não "é fácil".
Diante de um panorama inflacionário na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) tem pouca margem, já que uma elevação das taxas pode ameaçar o fraco crescimento da região.
Com uma alta recorde dos preços - a 10%, na Espanha; 5,8%, na França; e 7,6%, na Alemanha -, o euro se desvalorizou 12% desde o início deste ano.
"O BCE não busca taxas de câmbio particulares. Sempre monitoramos, porém, o efeito do mercado cambial sobre a inflação", declarou um porta-voz da instituição nesta quarta.
- Dólar fortalecido -Já o dólar é sustentado por dois fatores: sua condição de "valor-refúgio" em um contexto de desaceleração econômica e os aumentos consecutivos das taxas de juros do Fed.
Até agora, o banco central americano continua sem conseguir conter a inflação. A alta dos preços ao consumidor se acelerou em junho nos Estados Unidos, estando em seu nível mais alto desde novembro de 1981.
A inflação atingiu 9,1% em junho, em termos interanuais, ante 8,6% no mês anterior, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado nesta quarta-feira pelo Departamento do Trabalho.
Em um primeiro momento, o indicador empurrou o dólar para cima. Depois, a moeda americana acabou caindo na sessão, com o euro ganhando 0,40%, a US$ 1,0078, às 16h GMT (13h em Brasília).
"Os investidores estão começando a pensar que a inflação está tão alta e vai causar tantos danos à economia que o Fed terá que parar, em breve, de subir as taxas e até inverter as tendências no primeiro trimestre" do próximo ano, sugere Fawad Razaqzada, analista da StoneX.
O euro resiste melhor ante outras moedas, como a libra esterlina, ou o iene.
O dólar é particularmente importante, porém, já que é a moeda de referência de muitos mercados, entre eles o de petróleo.
Na terça-feira (12), o euro quase atingiu a paridade, até se recuperar.
Para Stephen Innes, analista da SPI Management, "as mudanças no preço do euro serão acompanhadas de vendas, enquanto o (gasoduto) Nordstream 1 não retomar" seus fornecimentos de gás russo para a Europa.
js/ode/an/mar/tt
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.