BCE prepara aumento de taxas de juros
Frankfurt, 21 Jul 2022 (AFP) - O Banco Central Europeu (BCE) se prepara para aumentar as taxas de juros pela primeira vez em mais de uma década, em meio a temores de uma crise energética e perspectivas econômicas sombrias na zona do euro.
Mas, ao mesmo tempo, a instituição europeia deve ter cuidado para não agravar a crise econômica em uma zona do euro já enfraquecida pelos problemas de abastecimento de gás e pela crise política na Itália.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apresentou sua renúncia nesta quinta-feira. Com seu pedigree de ex-presidente do BCE, era visto pelos mercados como um fator de estabilidade.
Com a inflação galopante, os líderes do BCE estão determinados a aumentar as taxas de juros em pelo menos um quarto de ponto percentual em relação ao seu nível atual, historicamente baixo.
Os preços ao consumidor subiram 8,6% ano a ano em junho, um recorde para a zona do euro e acima da meta anual de 2% do BCE.
O aumento foi desencadeado pela interrupção da cadeia de suprimentos e crescente custo da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas o BCE também avalia a atividade econômica na Europa.
A Rússia reabriu nesta quinta o fluxo de gás para a Europa, após uma suspensão de 10 dias das operações do gasoduto Nord Stream, mas com apenas 40% da sua capacidade.
A dependência europeia das importações energéticas russas preocupa as autoridades europeias, com a previsão de racionamento caso Moscou suspenda o fornecimento de gás.
A Comissão Europeia apresentou na quarta-feira um plano para reduzir o consumo de gás em 15%, a fim de mitigar o potencial impacto econômico.
Mas o BCE enfrenta pressão por aumentos maiores em face da inflação persistente, aumentos de taxas no Reino Unido e nos Estados Unidos e a fraqueza do euro em relação ao dólar americano.
Os bancos centrais normalmente hesitam antes de aumentar as taxas quando a economia enfrenta uma situação delicada, "mas as pressões inflacionárias aumentaram a um ponto em que o BCE precisa intervir", aponta Frederik Ducrozet, da Pictet Wealth Management.
Encontrar um ponto de equilíbrio entre crescimento e inflação parece "uma equação impossível de resolver" para o BCE, diz.
A taxa de depósito do banco europeu tem sido negativa nos últimos oito anos e atualmente está em -0,5%.
Essa taxa, que significa que os bancos pagam para deixar seu dinheiro no BCE, foi projetada para estimular os empréstimos e a atividade econômica, mas ao mesmo tempo estimula a inflação.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o objetivo é tirar as taxas do negativo até o final de setembro, como parte de uma série de aumentos "graduais, mas constantes".
O Federal Reserve americano e o Banco da Inglaterra já se adiantaram e começaram a aumentar suas taxas de forma mais agressiva.
A última vez que o BCE elevou suas taxas de juros foi em 2011, mas uma crise da dívida europeia rapidamente obrigou a instituição a reverter o curso.
O anúncio do BCE em junho de que aumentaria as taxas de juros fez com que o custo dos empréstimos nos países mais endividados da zona do euro subisse mais rápido do que em outros.
Por esta razão, o BCE tem dito que vai reinvestir de forma "flexível" os títulos para absorver a dívida dos países de maior risco e aliviar a pressão. Também começou a projetar uma nova ferramenta de crise para preservar a "transmissão" de seus movimentos de política monetária com compras de títulos.
sea/mfp/mas/meb/zm/mr
ING GROEP
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