Milei nomeia Caputo, especialista em finanças, como ministro da Economia
O presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, confirmou nesta quarta-feira (29) Luis Caputo, ex-ministro das Finanças durante o governo de Mauricio Macri, como seu ministro da Economia, ao retornar de uma viagem conjunta aos Estados Unidos com representantes de alto nível na Casa Branca.
"Sim, sim, o ministro da Economia é Luis Caputo", declarou Milei à rádio La Red, após pousar na capital argentina.
"Já tínhamos definido. Quando se olha a natureza dos problemas argentinos, quando se percebe que dos 15 pontos de déficit fiscal, a Argentina gera 10 no Banco Central, fica claro que o primeiro problema a resolver são os Leliq. É fundamental resolver esse problema com muita 'expertise', porque se errarmos acabamos na hiperinflação", acrescentou.
Os Leliq, títulos de dívida de curto prazo do Banco Central, são uma obsessão de Milei, porque o cumprimento desses títulos acarreta uma grande questão monetária para um país sem acesso ao crédito, o que, em grande parte, empurra a inflação, que atinge 143% ao ano e será um dos principais desafios quando tomar posse, em 10 de dezembro.
Caputo, de 58 anos, ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Banco Central durante o governo Macri (2015-2019), acompanhou Milei em sua viagem a Nova York e Washington.
"Foi uma viagem muito positiva, a reunião de ontem (na Casa Branca) foi extraordinária, muito importante devido ao papel desempenhado por Jake Sullivan, que é o conselheiro mais influente de Joe Biden", declarou sobre o seu encontro com o conselheiro de Segurança Nacional do presidente americano.
- A dívida com o FMI -
Caputo participou, juntamente com o futuro chefe de gabinete, Nicolás Posse, de uma reunião técnica com o Fundo Monetário Internacional, com o qual a Argentina tem um acordo de crédito de 44 bilhões de dólares desde 2018 (214,9 bilhões de reais na cotação atual).
"O ministro da Economia, Luis Caputo, pôde discutir a fundo estas questões. Houve uma excelente recepção e eles entendem perfeitamente o desafio que estamos enfrentando. Isso foi muito bom", disse Milei.
O presidente eleito já havia dado forte apoio a Caputo antes de convidá-lo para sua viagem aos Estados Unidos.
"Preciso de alguém que tenha experiência financeira e não há maior especialista financeiro na Argentina do que Luis Caputo", disse ele.
Caputo foi secretário de Finanças de Macri entre 2015 e 2017 e depois ministro dessa pasta até 2018, quando atuou por um breve período como presidente do Banco Central.
Na pasta das Finanças, foi quem impulsionou a emissão inédita de um título de 100 anos, celebrado como uma conquista do governo Macri.
Apelidado de 'Toto', o futuro ministro é primo de Nicolás Caputo, amigo próximo de Macri, principal aliado político do ultraliberal Milei.
Na carreira privada atuou no setor de finanças o banco de investimentos JP Morgan, em Nova York.
- Estagflação -
Milei garantiu que "exterminar a inflação" será a prioridade do seu governo, mas admitiu que "será necessário entre 18 a 24 meses para levá-la aos níveis internacionais".
Durante esse período, na Argentina "vai haver uma estagflação", alertou, termo técnico que define uma economia que não cresce e na qual a inflação continua aumentando.
Desde a vitória de Milei no segundo turno presidencial, em 19 de novembro, com 55% dos votos, os preços aumentaram acentuadamente, principalmente os dos alimentos, setor que registrou aumentos de até 50% e sinais de escassez de alguns produtos.
A inflação na Argentina é uma das mais altas do mundo.
Em um contexto social delicado, com 40% de pobreza, Milei prometeu que "o ajuste de choque" que pretende realizar "não será pago pelo povo, mas pela política".
"Aqui quem exceder os gastos será demitido", afirmou.
No entanto, garantiu que a assistência social, administrada pela nova pasta de Capital Humano, será sustentada.
"A única pasta que estará aberta será a do Capital Humano caso o processo de reordenamento da Economia tenha efeitos negativos a nível social para dar apoio" aos afetados, afirmou Milei.
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© Agence France-Presse
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