Senado aprova redistribuição do ISS, favorecendo municípios menores
O Senado aprovou hoje o projeto de lei que altera as regras de recebimento do ISS (Imposto Sobre Serviços), transferindo seu destino do município do prestador do serviço para o município onde esse serviço é prestado. Na prática, o projeto redistribui o ISS, arrecadado pelas prefeituras, favorecendo os municípios menores.
A mudança foi aprovada por 66 votos a 3 e agora vai para sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o projeto, essa redistribuição será feita de maneira progressiva. Entre 2020 e 2022, o município-sede do prestador do serviço perderá aos poucos a receita do ISS para o município do tomador do serviço.
Em 2020, 66,5% da arrecadação ficam com o município de origem do serviço e 33,5% para o município de destino. Essa distribuição muda nos anos seguintes: na proporção de 33,5% para o primeiro e 66,5% para o segundo, em 2021; e 15% para o primeiro e 85% para o segundo, em 2022.
A partir de 2023, 100% da arrecadação do ISS fica com o município do tomador do serviço.
Segundo parecer da relatora Rose de Freitas (Podemos-ES), dos 40 municípios que mais arrecadaram em 2019, num total de R$ 45,3 bilhões, 14 são de São Paulo, somando R$ 24,9 bilhões (55%). O município que mais arrecadou foi São Paulo, com R$ 17 bilhões. O segundo foi o Rio de Janeiro, com R$ 6,2 bilhões, e o terceiro foi Belo Horizonte, com R$ 1,5 bilhão.
Dessa forma, o ISS correspondente ao pagamento do plano de saúde, por exemplo, ficará no município onde o cliente do plano reside, e não mais na cidade-sede da empresa de plano de saúde.
Tentativa de adiamento
Os senadores Major Olímpio (PSL-SP) e Roberto Rocha (PSDB-MA) pediram que a matéria fosse retirada de pauta, uma vez que o projeto aborda um tema parecido com o tratado pela reforma tributária. A reforma está no Congresso, onde é discutida uma proposta conjunta entre governo e parlamentares.
Apesar do pedido, a maioria dos senadores decidiu votar hoje o tema. A relatora do projeto e vários outros senadores se manifestaram favoráveis à votação, acreditando que é um tema urgente, que ajuda os municípios menores e, por isso, não pode esperar a votação da reforma tributária, que ainda é incerta.
"Nós precisamos decidir essa matéria. Tem quantos anos que eu ouço que vamos votar a reforma tributária? Não que não venhamos a fazer isso, mas há mais de vinte anos que sabemos a complexidade do tema, dos interesses envolvidos. Os municípios brasileiros clamam por essa votação", disse Rose de Freitas.
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