Irlanda quer se tornar porta de entrada dos Emirados Árabes Unidos para a Europa, diz ministro irlandês

ABU DHABI, 4 de março de 2024 (WAM) -- A Irlanda quer se tornar uma porta de entrada para os Emirados Árabes Unidos e outros países do Golfo para o mercado da União Europeia (UE), disse Simon Coveney, ministro irlandês para Empresas, Comércio e Emprego, à Agência de Notícias dos Emirados (WAM).

Como prova das relações prósperas, ele destacou a crescente diáspora irlandesa nos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). Cerca de 16 mil cidadãos irlandeses vivem e trabalham no CCG, principalmente nos Emirados Árabes Unidos, em vários setores, como educação, saúde, negócios, bancos, hotelaria, engenharia e contabilidade, declarou o ministro Coveney.

O ministro da Irlanda afirmou ainda "querer que os Emirados Árabes Unidos e, na verdade, outros países da região, como Arábia Saudita e Kuwait, vejam a Irlanda como uma porta de entrada para o mercado da UE, já que o país tem sido muito bem-sucedido em fazer isso para muitas multinacionais e para outras partes do mundo", afirmou.

A autoridade irlandesa disse isso em uma entrevista à WAM durante a 13ª Conferência Ministerial (MC13, na sigla em inglês) da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Abu Dhabi na semana passada.

Coveney chamou a atenção para as oportunidades de investimento nos projetos de energia renovável da Irlanda, que exigirão financiamento e parcerias de gerenciamento. "A Irlanda gastará cerca de 100 bilhões de euros (USD 108,50 bilhões/ AED 398,50 bilhões) na construção de 37 gigawatts de capacidade de geração de eletricidade offshore em parques eólicos nos próximos 25 anos", observou.

E também convidou os investidores dos Emirados Árabes Unidos a explorar projetos de infraestrutura pública em transporte, habitação e portos. "A Irlanda tem a população que cresce mais rapidamente na UE, a população mais jovem e uma economia muito vibrante e em crescimento", enfatizou o ministro Coveney.

A Irlanda está buscando uma relação comercial de mão dupla com a região, destacou, dizendo que "os investidores veem a Irlanda como um destino atraente e confiável e, é claro, as empresas irlandesas e a inovação do país podem fazer parte da história de crescimento aqui [no Golfo]".

A história de sucesso comercial da Irlanda

Citando o sucesso econômico da Irlanda alimentado pelo comércio, a autoridade irlandesa disse que o país fez a transição de um dos países mais pobres da Europa para um dos mais ricos." O que nos proporcionou isso? O comércio com o resto do mundo e com o resto da Europa", pontuou.

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O ministro sugeriu que outros países podem fazer o mesmo, ao mesmo tempo em que admitiu que a Irlanda cometeu erros ao longo do caminho "que temos o prazer de compartilhar".

Coveney defendeu o multilateralismo e regras responsáveis de comércio global. Ele explicou ainda que a diferenciação compreensível e os acordos especiais para países que são diferentes em vários estágios de desenvolvimento também são importantes. "Mas isso não significa que seja um (passe) livre para todos", argumentou.

Questões cruciais na OMC

Sobre questões cruciais na Organização Mundial do Comércio (OMC), ele disse que a Irlanda, juntamente com a UE, apoiou a extensão da OMC sobre a proibição de taxas alfandegárias para transações de comércio eletrônico.

Sobre o mecanismo de solução de controvérsias na OMC, o funcionário irlandês expressou otimismo em obter um acordo até o final de 2024. E pediu um maior consenso sobre a formulação de uma política industrial global para criar condições equitativas para o comércio em todo o mundo. No entanto, o ministro reconheceu que certas economias precisam de tempo e espaço para se desenvolver e podem precisar de mais subsídios do que outras.

Com relação às reformas agrícolas, ele também reconheceu a necessidade de equilibrar a manutenção de estoques públicos [uma prática que permite que os países, especialmente os do mundo em desenvolvimento, armazenem reservas de alimentos para alimentar sua população] para a segurança alimentar com a proteção dos preços internacionais das commodities.

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Declaração de Abu Dhabi

A MC13 foi concluída na sexta-feira com a aceitação da Declaração de Abu Dhabi, que refletiu o consenso sobre as principais políticas de comércio e desenvolvimento.

Organizada pelo Ministério da Economia dos Emirados Árabes Unidos e pelo Departamento de Desenvolvimento Econômico de Abu Dhabi (ADDED), a MC13 ocorreu durante cinco dias no Centro Nacional de Exposições de Abu Dhabi, começando em 26 de fevereiro e terminando por volta das 2h do dia 2 de março.

A OMC é composta por 166 membros e é a única organização multilateral que supervisiona as regras de comércio entre as nações, dedicada a permitir que os Estados- Membros usem o comércio como um meio de elevar os padrões de vida, criar empregos e melhorar a vida das pessoas em todo o mundo.

Sua Conferência Ministerial bienal é considerada o fórum de tomada de decisões mais importante, reunindo ministros e altos funcionários de todos os membros com o objetivo de revisar e atualizar as regras que moldam o sistema de comércio global.



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