3 métodos simples para aprender a multiplicar sem calculadora
Fazer conta é, para muitos, um pesadelo. E a calculadora acaba se tornando uma grande aliada.
Mas, no caso da multiplicação, há formas alternativas - e mais visuais - de se resolver as operações.
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É provável que você tenha aprendido o método tradicional de multiplicação na escola. Ou seja: primeiro você decora a tabuada para, em seguida, multiplicar número a número.
E, se os números a serem multiplicados têm vários dígitos, você acaba precisando de um pedaço de papel para fazer a conta, como ilustra a imagem abaixo.
Existem, no entanto, outros métodos menos conhecidos que ajudam a entender a lógica da multiplicação.
E alguns são bastante visuais - envolvem traços, linhas e pontos. A BBC lista três, que acompanham vídeos que tornam a compreensão mais fácil, para você:
1. Método maia, também conhecido como japonês
Há várias teorias sobre a origem desse método.
Alguns dizem que foi inventado pela civilização maia, que habitou a América Central até a chegada dos colonizadores espanhóis no século 15.
Mas é também chamado de método japonês, uma vez que é usado pelos professores do país para ensinar multiplicação nas escolas.
Trata-se de um sistema de multiplicação com linhas. Ele consiste em desenhar linhas paralelas e perpendiculares para representar os dígitos dos números a serem multiplicados.
Por exemplo: 23 x 41.
Desenhamos duas linhas paralelas para representar o 2, e outras três linhas paralelas para representar o 3.
Na sequência, desenhamos, de forma perpendicular, quatro linhas paralelas para o 4 e uma linha para o 1.
Uma vez que a imagem está pronta, somam-se os pontos que se formam nas interseções.
E assim, chegamos ao resultado: 943, o mesmo obtido pela forma tradicional de multiplicação.
Achou muito difícil?
2. Método de multiplicação hindu
A origem desse método também não é muito clara, mas certamente passa pela Ásia.
"Esse método foi levado da Índia para a China e a Arábia, de onde foi para a Itália, entre os séculos 14 e 15, e recebeu o nome de gelosia, devido à semelhança com as persianas venezianas", explica o pesquisador Mario Roberto Canales Villanueva, em seu estudo exploratório sobre o uso de modelos alternativos para ensino e aprendizagem da multiplicação em Honduras.
Esse método prevê desenhar uma tabela - a quantidade de colunas e linhas vai variar de acordo com o número de algarismos na operação.
Vamos usar o mesmo exemplo anterior: 23 x 41.
Neste caso, são necessárias duas colunas e duas linhas - para as quais atribuímos os respectivos algarismos em sentido horário. Na sequência, dividimos cada campo da tabela com uma linha diagonal.
Os triângulos formados, a partir da divisão, devem ser preenchidos com o resultado da multiplicação do algarismo de cada coluna com o da linha correspondente. Para isso, precisamos decompor o resultado - a dezena é inserida no primeiro triângulo, seguida da unidade.
Se o resultado for de apenas um dígito, deve ser precedido de zero.
Uma vez que todos os campos estão completos, fazemos uma soma na diagonal.
Ou seja, a soma da primeira diagonal será 0, a segunda será 9, a terceira será 4 e a última será 3.
Desta forma, o resultado final será 943.
Achou mais fácil?
3. Método de matriz (array, em inglês)
Neste método, assim como no anterior, precisamos desenhar uma tabela.
Vamos seguir com o exemplo 23 x 41.
O primeiro passo é decompor os números da operação na tabela, que terá duas colunas e duas linhas.
Em uma coluna, colocamos o 20, e na outra o 3. Nas linhas, inserimos em sentido horário os números 40 e 1.
Multiplicamos então o número de cada coluna com o da linha correspondente.
Os zeros, no entanto, são ignorados.
Sendo assim, em vez de multiplicar 20 por 40, por exemplo, fazemos o cálculo 2 x 4, obtendo 8 como resultado.
O mesmo acontece com 3 x 40. Eliminamos o 0 e multiplicamos 3 x 4, que dá 12. E assim por diante.
Na sequência, acrescentamos ao resultado os zeros que havíamos deixado de lado.
Então, no primeiro cálculo, cujo resultado foi 8, adicionamos os dois zeros eliminados inicialmente, chegando a 800.
No caso de 3 x 4, que dá 12, acrescentamos um zero ao resultado, que vai virar 120.
E assim sucessivamente.
Por fim, somamos o resultado de cada um dos campos da tabela, chegando a 943.
Diversidade
O fato é que, independentemente do método, chega-se ao mesmo resultado.
Mas por que esses métodos não costumam ser ensinados na América Latina?
"A história mostra que, com o passar dos anos, esses métodos foram deixados de lado porque se deu muito mais importância ao cálculo mental na América Latina", disse à BBC Andrea Vázquez, professora de matemática que treina estudantes para participar de concursos nacionais na Argentina.
Mas David Wees, professor de matemática canadense e assessor da New Visions for Public Schools, organização que dá suporte educacional às escolas públicas de Nova York, apresenta outra versão.
"Recentemente, eu li que adotamos esse método é para economizar tinta e papel. E não devido à facilidade do uso. Mas, sim, para preservar esses recursos, já que, quando foram criados, a tinta e o papel eram escassos", conta.
Ele acredita, no entanto, que os métodos alternativos podem ser muito úteis.
"Acredito que não é uma boa prática levar os estudantes diretamente à multiplicação, obrigando-os a decorar tabuadas, sem explicar a eles de onde vêm, porque, caso se esqueçam de uma delas, como poderão calcular a seguinte?"
"O método de multiplicação japonês (ou maia) é bastante necessário porque com ele é possível reconhecer a estrutura geral da multiplicação, e isso pode ser um bom começo", afirma Wees à BBC.
Há ainda outros métodos de multiplicação bem diferentes do tradicional, como o russo ou o egípcio. Mas não exigem a "habilidade extra" de desenhar.
E, segundo especialistas, o atributo visual pode ajudar muita gente a ter uma compreensão melhor do processo de multiplicação.
"Obviamente, tudo ajuda. A matemática no mundo de hoje é aberta dentro e fora das salas de aula", afirma Vázquez.
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