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O que pode estar por trás da negociação entre Boeing e Embraer, a 3ª maior exportadora do Brasil

22/12/2017 14h04

A Embraer, terceira maior exportadora do Brasil em 2017, está na mira da Boeing, a fabricante de aeronaves americana.

As duas empresas confirmaram nesta quinta-feira, segundo nota divulgada no site da Embraer, que "estão em conversações a respeito de uma potencial combinação, cujas bases ainda estão em discussão".

"Não há garantias de que essas discussões resultarão em uma transação", diz o texto assinado em conjunto por Boeing e Embraer, que não deixa claro se está em discussão uma fusão, venda ou parceria para fabricar produtos específicos.

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Uma eventual união entre as empresas pode criar uma gigante da aviação mundial, com atuação tanto na aviação regional quanto no segmento de longa distância.

Tal "combinação" entre a brasileira e americana seria uma reação à união das respectivas concorrentes Bombardier e Airbus.

Maior rival da empresa americana, a francesa Airbus passou a atuar no segmento de aeronaves de médio alcance recentemente, ao comprar o programa de jatos regionais da canadense Bombardier.

Ao se associar com a Embraer, a Boeing também poderia entrar no mercado de jatos com capacidade para até 130 passageiros.

3ª maior exportadora

A Embraer é a terceira maior exportadora do Brasil, segundo balanço do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços que contabilizou valores exportados entre janeiro e novembro deste ano. Está atrás apenas da Vale e da Petrobras, nessa ordem. O mesmo aconteceu no ano passado.

Por questões de sigilo comercial, o ministério diz que não divulga o valor exato de exportação das empresas.

A fabricante sediada em São José dos Campos faturou R$ 21,4 bilhões em 2016. Em outubro, anunciou lucro líquido de R$ 351 milhões no primeiro trimestre, revertendo uma perda, no mesmo período do ano passado, que fora de R$ 111,4 milhões.

No entanto, a própria empresa projetou um cenário pior para 2018.

"A Embraer espera que 2018 seja um ano de transição, uma vez que a empresa terá a entrada em produção seriada do primeiro modelo E2, o E190-E2, que está programado para ter sua primeira entrega em abril de 2018", disse a companhia em um comunicado sobre seus resultados divulgado em 27 de outubro.

Privatização da Embraer

A Embraer foi privatizada em 1994, no fim do governo Itamar Franco, por R$ 154,1 milhões à época.

Na ocasião, o acordo previa ao governo brasileiro uma "golden share", ação que dá o direito a veto a diferentes decisões, entre elas a transferência de controle acionário da companhia.

O presidente Michel Temer foi informado ontem das conversas entre Embraer e Boeing. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele só não estaria disposto a autorizar um acordo que represente a venda do controle da Embraer.

Além do aval do governo brasileiro, a negociação também precisaria ser aprovada pelos conselhos das duas empresas e pelos órgãos reguladores de Brasil e Estados Unidos.

Quem são os atuais acionistas

A Embraer tem acionistas estrangeiros e nacionais, divididos entre pessoas físicas, jurídicas e institucionais.

Entre os nacionais, estão, por exemplo, o BNDES Participações e a Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, com 5,4% e 4,8% das ações, respectivamente.

Segundo a empresa, além do BNDESpar, são considerados como acionistas relevantes os estrangeiros Brandes Investments Partners (15%), Mondrian Investments Partners (10%) e Blackrock (5%).

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