'Tsunami da miséria': coronavírus pode empurrar meio bilhão para a pobreza
As consequências econômicas do coronavírus podem empurrar até 500 milhões de pessoas para a pobreza.
O alerta consta de um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o custo financeiro e humano da pandemia.
Por causa da crise, diz a pesquisa, o nível de pobreza em países em desenvolvimento poderia voltar a um patamar de 30 anos atrás.
Os pesquisadores usaram dados do Banco Mundial para medir os efeitos da redução dos gastos nas economias do mundo em três níveis de pobreza - U$ 1,90 (R$ 9,75), U$ 3,20 (R$ 16,40) e U$ 5,50 (R$ 28,18) por dia.
As previsões pessimistas ocorrem uma semana antes de encontros do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e ministros de finanças do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).
Redes de segurança
O estudo foi escrito por especialistas da King's College London, no Reino Unido, e da Australian National University (ANU), na Austrália.
"A crise econômica será potencialmente ainda mais grave do que a crise da saúde", escreveu Christopher Hoy, da ANU.
O relatório, que estima um aumento de 400 a 600 milhões no número de pessoas em situação de pobreza em todo o mundo, diz que o potencial impacto do vírus representa um grande desafio para se cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU de acabar com a pobreza até 2030.
"Nossas descobertas apontam para a importância de uma expansão substancial das redes de segurança social nos países em desenvolvimento o mais rápido possível e - de maneira mais ampla - uma atenção muito maior ao impacto da covid-19 nos países em desenvolvimento e ao que a comunidade internacional pode fazer para ajudar", afirmou Andy Sumner, do King's College London.
Quando a pandemia terminar, prevê o estudo, mais da metade da população mundial, ou 3,9 bilhões de pessoas, podem estar vivendo na pobreza.
Considerando o patamar de pobreza de U$ 5,50 (R$ 28,18) por dia, cerca de 40% dos novos pobres estariam concentrados no leste da Ásia e no Pacífico, com cerca de um terço na África Subsaariana e no sul da Ásia. A América Latina responderia por 10% desse aumento global.
No início desta semana, mais de 100 organizações internacionais pediram a suspensão dos pagamentos da dívida este ano para os países em desenvolvimento, que liberariam US$ 25 bilhões (R$ 128 billhões) em recursos para suas economias.
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