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Ucrânia acusa Rússia de 'terrorismo' por vazamentos misteriosos em gasodutos no Mar Báltico

28/09/2022 05h52

Sismólogos na Dinamarca e na Suécia registraram explosões submarinas na segunda-feira (26/09) em torno das tubulações dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, que no mesmo dia sofreram vazamentos de gás.

Os operadores desses dois grandes gasodutos russos que fornecem gás para a Europa haviam reportado danos às suas instalações.

O governo ucraniano afirmou que os vazamentos foram causados ??pela Rússia em um "ataque terrorista", enquanto os governos de vários países da União Europeia falaram em "sabotagem".

O operador do Nord Stream 1 informou na segunda-feira que as linhas submarinas sofreram simultaneamente danos "sem precedentes" em um único dia, enquanto os operadores do Nord Stream 2 alertaram para uma perda de pressão na tubulação.

"Não há dúvida de que foram explosões", declarou Bjorn Lund, do Centro Sismológico Nacional da Suécia, segundo a imprensa local.

Isso levou a um alerta das autoridades dinamarquesas de que os navios deveriam evitar a área perto da ilha de Bornholm. Eles também publicaram imagens dos vazamentos mostrando bolhas na superfície do Mar Báltico perto da ilha.

'Ataque terrorista'

A Ucrânia acusou a Rússia na terça-feira de causar vazamentos de gasodutos para prejudicar a Europa.

"O vazamento de gás do NS-1 [Nord Stream 1] nada mais é do que um ataque terrorista planejado pela Rússia e um ato de agressão à União Europeia. A Rússia quer desestabilizar a situação econômica na Europa e causar pânico antes do inverno", tuitou o assessor da presidência da Ucrânia, Mykhaylo Podolyak.

Ele também pediu aos aliados europeus, particularmente à Alemanha, que aumentem o apoio militar à Ucrânia.

"O melhor investimento em resposta e segurança são os tanques para a Ucrânia. Especialmente os alemães", afirmou.

Outros líderes europeus aventaram a ideia de que os danos aos gasodutos foram infligidos deliberadamente.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, falou de sabotagem e disse que o incidente provavelmente estava relacionado à guerra na Ucrânia.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, sugeriu, por sua vez, um "ato intencional" como causa dos vazamentos detectados em gasodutos russos nas zonas econômicas exclusivas da Dinamarca e da Suécia.

"São buracos tão grandes que não podem ter sido um acidente", declarou na mesma entrevista coletiva o ministro de Energia dinamarquês, Dan Jorgensen.

Ao mesmo tempo, notícias não confirmadas oficialmente publicadas na imprensa alemã diziam que as autoridades não descartavam um ataque à rede de gás submarina.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou estar "extremamente preocupado" com o incidente ? e que a possibilidade de um ataque deliberado não podia ser descartada.

A União Europeia acusou anteriormente a Rússia de usar a redução no fornecimento de gás como arma econômica, em resposta às sanções europeias impostas pela guerra na Ucrânia.

Mas Moscou nega, dizendo que as sanções tornaram impossível manter adequadamente a infraestrutura de gás.

Funcionamento

Qualquer que seja a causa do dano, não afetará imediatamente o abastecimento de gás da Europa, uma vez que nenhum dos gasodutos estava operacional.

O gasoduto Nord Stream 1, que consiste em dois ramais paralelos, não transporta gás desde agosto, quando foi desligado pela Rússia para manutenção.

Ele se estende por 1.200 km submerso no Mar Báltico, da costa russa perto de São Petersburgo até o nordeste da Alemanha.

Já as operações do seu gasoduto irmão, o Nord Stream 2, foram interrompidas após o início da invasão russa na Ucrânia.

Embora nenhum dos gasodutos esteja em funcionamento, ambos ainda contêm gás.

Autoridades alemãs, dinamarquesas e suecas estão investigando os incidentes.

A autoridade de energia dinamarquesa disse à agência de notícias Reuters que o vazamento pode continuar por vários dias ? e talvez até uma semana.

Os operadores do gasoduto afirmaram que era impossível estimar quando a infraestrutura seria reparada.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63048850


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