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Morte de presidente da Total reflete ritmo frenético vivido por executivos

Carol Hymowitz, Tommaso Ebhardt e Kristen Schweizer

22/10/2014 13h46

22 de outubro (Bloomberg) -- Em suas horas finais, Christophe de Margerie estava fazendo o que se espera de qualquer presidente de empresa moderno: representando a empresa nos destinos mais remotos do mundo.

O presidente da gigante francesa do setor de energia Total morreu dois dias atrás, quando seu jato colidiu em uma pista cheia de neve em Moscou.

De Margerie, 63, estava voltando para Paris após discursar contra sanções em um conselho de investimentos liderado pelo primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev. Sua plateia era formada por 50 outros presidentes de empresas, muitos deles também longe de casa.

Executivos estão na estrada 20 dias por mês

Ele fazia parte de um exército de executivos que vive viajando de avião e que trabalha para alocar mais um negócio ou reunião em Moscou, Nova York ou Xangai. Os acidentes são raros e os jatos corporativos e comerciais que colocam o mundo ao seu alcance também se somam à sua já comprimida carga de trabalho.

“Os presidentes globais de hoje estão frequentemente na estrada 20 dias por mês, um número que é difícil de imaginar, quanto mais de fazer”, disse Jeffrey Sonnenfeld, decano associado sênior da Faculdade de Administração de Yale. “É como esperar que os médicos trabalhem em turnos de 50 horas nas salas de emergência. Quem pode operar nas melhores condições com esse nível extenuante de jornada?”.

Salários mais do que compensam a agenda apertada

Os presidentes geralmente viajam pelo mundo em um estilo raramente vivido pela maioria dos viajantes: seja em um jato corporativo, seja na primeira classe ou na classe executiva das companhias aéreas comerciais. Os salários, que chegam às dezenas de milhões de dólares por ano, mais do que compensam as inconveniências das agendas mais exigentes.

De Margerie e três tripulantes morreram quando seu jato colidiu com um veículo removedor de neve no aeroporto de Vnukovo, em Moscou. Em um discurso, horas antes, De Margerie havia dito que as sanções dos EUA e da União Europeia à Rússia eram “injustas e improdutivas”. O país fornece cerca de 9% da produção diária de petróleo da Total.

Praticamente sem-teto

Sergio Marchionne, presidente da Fiat Chrysler Automobiles, diz que foi praticamente um sem-teto por cinco anos enquanto cruzava o Atlântico para tornar possível a combinação entre a Fiat, da Itália, e a Chrysler, ícone de Detroit.

“Ter uma casa com o estilo de vida que eu tenho é uma contradição”, disse Marchionne, que frequentemente viaja entre Detroit (EUA) e a sede da Fiat em Turim (Itália) várias vezes por semana, em entrevista, no dia 30 de setembro. Neste mês, ele voou de Michigan (EUA) de volta para a Itália em uma noite de sexta-feira e retornou aos EUA dois dias depois para tocar o sino de encerramento da Bolsa de Nova York.

Problemas médicos ou senso de autopreservação 

Às vezes, problemas médicos ou o senso de autopreservação intervêm. Um cansado Ton Buechner tirou um mês de férias em setembro, aconselhado por seu médico, apenas seis meses depois de assumir o controle da Akzo Nobel, maior fabricante de tintas do mundo, com sede em Amsterdã (Holanda).

Johann Rupert, presidente do conselho da Cie. Financière Richemont, a fabricante de produtos de luxo dona da Cartier, voltou de um ano sabático no mês passado.

Por mais duro que seja, os presidentes de empresas precisam continuar viajando para poderem se reunir regularmente com funcionários e clientes pelo mundo, disse Michael Useem, diretor do Centro para Liderança e Gestão de Mudança da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia.

“A melhor forma para qualquer presidente explicar a estratégia e os valores de sua empresa e os trabalhos que as pessoas precisam realizar é estando dentro da sala, em frente a um grande grupo de funcionários ou de outras pessoas. Nada funciona melhor que a presença pessoal, apesar do preço que pode ser preciso pagar no lado pessoal”.

Estratégias de sobrevivência

Os presidentes viajantes e seus executivos seniores precisam desenvolver estratégias de sobrevivência ou se esgotarão rapidamente, disse Bill George, ex-presidente da Medtronic, que atualmente é diretor da Exxon Mobil e do Goldman Sachs Group. Ele diz que se preocupa com seu filho Jeff, que administra uma divisão da Novartis e usa meditação e exercícios para lidar com os frequentes voos comerciais entre EUA, Europa e Ásia.

“Quando você administra uma empresa internacional, realmente não há outra escolha”, disse Bill George, que não tinha que viajar tanto quando administrava a Medtronic. “Era diferente, era uma era menos global”.