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ONU diz que rejeitos da Samarco possuem metais pesados tóxicos

Jake Lloyd-Smith

26/11/2015 11h07

(Bloomberg) -- Uma investigação da Organização das Nações Unidas sobre um derramamento fatal em uma mina no Brasil apontou que os rejeitos liberados pelo rompimento de uma barragem são tóxicos e que as medidas adotadas pela BHP Billiton e pela Vale para evitar danos são insuficientes. A joint venture das empresas, a Samarco Mineração, disse que não há perigo à saúde humana. As ações da BHP caíram.

Evidências mostraram que os 50 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro lançados com as rupturas das barragens, em 5 de novembro, continham altos níveis de metais pesados tóxicos e outros produtos químicos tóxicos, disse o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos em um comunicado na quarta-feira. A Samarco disse em um comunicado que embora a empresa respeite a opinião da ONU, afirma que todas as medidas estão sendo tomadas.

O derramamento vem sendo classificado como o maior desastre da história da mineração no Brasil, com cerca de 20 pessoas confirmadas mortas ou ainda desaparecidas depois que o rompimento das barragens enviou uma onda de lama em cascata sobre uma pequena cidade. O incidente está aumentando as pressões sobre a BHP e a Vale, que lidam com a queda das commodities e com o mergulho dos preços das ações. A resposta ao derramamento testará o CEO da BHP, Andrew Mackenzie, e o presidente da Vale, Murilo Ferreira, que visitaram o local e disseram que ficaram assolados com a devastação.

Solo normal

A BHP disse na quinta-feira que os rejeitos da barragem Fundão continham argila e lodo, eram quimicamente estáveis e se comportariam no meio ambiente como solo normal. Além disso, a empresa reproduziu o comunicado da Samarco. A BHP informou que observou os comentários públicos sobre a composição dos rejeitos, sem mencionar a ONU, segundo as declarações enviadas por e-mail. O escritório da Vale em Cingapura encaminhou os pedidos de comentário aos representantes da empresa no Brasil.

As ações da BHP caíram 3,7 por cento e fecharam em 18,94 dólares australianos em Sidney na quinta-feira, nível mais baixo desde 2005. As ações caíram 1,2 por cento, para 843,5 pence, às 8h19 em Londres, e tocaram o nível mais baixo desde 2008. Na quarta-feira, a Vale perdeu 2,7 por cento e fechou no nível mais baixo desde 2004.

"As providências tomadas pela BHP, pela Vale e pelo governo brasileiro para evitar danos foram claramente insuficientes", disseram o relator especial da ONU para assuntos de direitos humanos e meio ambiente, John Knox, e o relator especial para Direitos Humanos e substâncias e resíduos perigosos, Baskut Tuncak. "Este não é o momento para posturas defensivas".

A Samarco, a BHP e a Vale disseram que estão concentrando seus esforços para ajudar as vítimas e minimizar os danos. A Samarco irá separar US$ 260 milhões para financiar medidas de emergência, incluindo prevenção, remediação e indenização pelos efeitos do incidente, disse a BHP em um comunicado no dia 17 de novembro.

Principalmente sílica

Se a lama for apontada como tóxica, os responsáveis serão punidos, disse o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, a repórteres, um dia após o colapso. O comunicado de quarta- feira da Samarco acompanhou as declarações de 6 de novembro da unidade de que os rejeitos eram em grande parte sílica e não continham elementos químicos prejudiciais à saúde.

O JPMorgan Chase rebaixou a BHP para underweight, citando possíveis despesas relacionadas ao incidente da Samarco, assim como a queda dos preços das commodities. A meta australiana foi reduzida de 27 para 18 dólares australianos, segundo o analista Lyndon Fagan. O valor contrasta com a média de 25,40 dólares australianos, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg.

Título em inglês: BHP Shares Slide as UN Probe Says Samarco Spill 'Toxic'

--Com a colaboração de Yasmine Batista, Andrew Willis, Ranjeetha Pakiam e Jesse Riseborough.

Para entrar em contato com o repórter: Jake Lloyd-Smith em Cingapura, jlloydsmith@bloomberg.net Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto, tmarotto1@bloomberg.net Patricia Xavier