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Venda da Ferrari chama atenção para reforma da Fiat Chrysler

Tommaso Ebhardt

04/01/2016 10h06

(Bloomberg) - Sergio Marchionne, CEO da Fiat Chrysler Automobiles NV, está prestes a descobrir como é dirigir a empresa sem os lucros gordos gerados pela Ferrari.

A Fiat Chrysler distribuiu no domingo aos acionistas o restante de sua participação de 80 por cento na Ferrari NV, fabricante do cupê Berlinetta de US$ 324.000. Os investidores receberam uma ação da Ferrari por cada 10 ações da Fiat Chrysler que possuíam. A fabricante de supercarros abriu o capital na Bolsa de Valores de Nova York em outubro e começou a ser negociada também na bolsa de Milão na segunda-feira.

Marchionne atraiu investidores na Europa e nos EUA no mês passado para tentar convencê-los de que o valor da empresa de carros de luxo vai aumentar quando ela deixar de formar parte de uma fabricante de carros em massa. No entanto, perder os lucros da Ferrari vai colocar o foco na ambiciosa reforma que Marchionne está fazendo na Fiat Chrysler, que custará 48 bilhões de euros (US$ 52,1 bilhões). A desaceleração da demanda na China e uma queda no mercado automotivo brasileiro levou a cortes no plano. As divisões Alfa Romeo e Maserati adiaram o lançamento de novos modelos, pois o foco de investimentos passou a ser a expansão da marca de veículos utilitários esportivos Jeep.

"Os investidores estão preocupados de que o valor da Fiat talvez seja muito menor sem sua joia da coroa", disse Vincenzo Longo, estrategista da IG Group em Milão.

A Fiat Chrysler foi criada em meados de outubro de 2014 com a fusão da Fiat SpA, com sede em Turim, na Itália, e sua sócia norte-americana, a Chrysler Group LLC. As ações da companhia em Milão subiram 69 por cento desde que a separação da Ferrari foi anunciada, duas semanas mais tarde, até o último domingo. A Fiat Chrysler vendeu 10 por cento da Ferrari, que tem sede na cidade italiana de Maranello, em uma abertura de capital há dois meses. A participação restante da empresa controladora, de 80 por cento, tem um valor de mercado de cerca de US$ 7,3 bilhões. Piero Ferrari, filho do fundador Enzo Ferrari, possui os outros 10 por cento.

Reforma da Fiat Chrysler

Marchionne, que também é presidente do conselho da Ferrari, posicionou a fabricante de supercarros como criadora de produtos luxuosos, em vez de fabricante de automóveis, para atrair acionistas. A Ferrari está avaliada em 26,5 vezes seu lucro estimado em 2016, em linha com os valores da empresa de moda francesa Hermès International SCA. Em comparação, a Fiat Chrysler capta 8,6 vezes seus lucros, e a General Motors é vendida por 6,4 vezes seus lucros.

A divisão de supercarros foi responsável por 12 por cento dos lucros da Fiat Chrysler antes de juros e impostos em 2014. Marchionne agora vai se concentrar em um plano de reorganização, de cinco anos, da empresa controladora, que tem sede em Londres, depois de a GM ter rejeitado sua tentativa de transformar a concorrente norte-americana em sócia para dividir os gastos.

Marchionne, que vai apresentar uma atualização do plano no final de janeiro, até agora manteve suas metas para 2018, como o aumento das vendas para 7 milhões de carros. O valor é quase 2 milhões a mais que as estimativas da empresa de pesquisa de mercado IHS Automotive para a Fiat Chrysler.