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Recessão no Brasil ajuda na queda de títulos do Corpbanca

Eduardo Thomson

07/01/2016 11h45

(Bloomberg) -- O banco chileno Corpbanca, do bilionário Álvaro Saieh, não opera no Brasil, um país mergulhado em uma crise. Contudo, o acúmulo de problemas do vizinho está ajudando a provocar uma queda nos títulos do banco.

O motivo é que o banco com sede em Santiago está sendo adquirido pelo Itaú Unibanco, o maior banco do Brasil em valor de mercado.

Essa conexão se transformou em um fardo para o Corpbanca: os investidores estão fugindo dos ativos brasileiros no momento em que o país caminha para a recessão mais profunda em mais de um século e que o escândalo de corrupção envolve um número cada vez maior de empresas.

Os US$ 800 milhões em títulos do Corpbanca para 2018 caíram 1,6% desde 24 de novembro, quando a investigação de um esquema de corrupção na Petrobras, envolveu um dos banqueiros de maior destaque do país. Em dezembro, as notas tocaram o menor nível em 20 meses.

"O Brasil os atingiu fortemente porque algumas pessoas estão enxergando neles outro banco brasileiro", disse Pedro Pablo Larrain, gestor de recursos da Sartor Investments, de Santiago.

A conclusão da aquisição do Corpbanca pelo Itaú, por US$ 1,8 bilhão, está prevista para este ano. Em junho os acionistas do Corpbanca aprovaram a aquisição, um dos últimos passos para a criação do quarto maior banco do Chile.

Em um comunicado que anunciou o acordo, em janeiro de 2014, o Corpbanca disse que a combinação era uma "oportunidade para se associar com uma franquia latino-americana de primeira linha".

Mas a sorte do Itaú mudou desde então. A Standard & Poor's rebaixou a classificação do banco duas vezes desde 2014, deixando a empresa com grau junk em setembro em meio à piora da economia brasileira. O Corpbanca atualmente está classificado dois níveis acima do Itaú, com o segundo mais baixo grau de investimento.

A maior economia da América Latina vai sofrer sua mais profunda recessão de dois anos desde pelo menos 1901. O PIB vai encolher 2,95% em 2016 após uma contração de 3,7% no ano passado, segundo pesquisa do banco central divulgada na segunda-feira. O real enfraqueceu 34% nos últimos 12 meses.

Os títulos do Corpbanca também caíram devido ao crescente impasse com outros bancos no Chile decorrente da falência de uma empresa local de serviços financeiros.

Depois que, em 31 de outubro, a Caja de Compensación de Asignación Familiar La Araucana disse que estava buscando recuperação judicial, o Corpbanca tomou 6,5 bilhões de pesos (US$ 9 milhões) de contas que gerenciava para a La Araucana. Outros credores do banco, como o Banco de Chile, reclamaram da medida, dizendo que tinham o mesmo direito sobre os recursos.

O Banco de Chile, segundo maior banco do país em ativos, congelou todas as linhas de crédito que oferece ao Corpbanca como retaliação, informou o El Mostrador no dia 3 de dezembro.

Uma agência externa de assessoria de imprensa que trabalha para o Banco de Chile disse que o banco não comentaria sobre as linhas de crédito. O Corpbanca preferiu não comentar sobre o desempenho de seus bonds, nem sua relação com o Banco de Chile.

"O problema com o La Araucana e o Banco de Chile está piorando esse sentimento negativo em relação ao Corpbanca", disse Gustavo Catalán, analista do Banco de Crédito & Inversiones em Santiago, por telefone. "O Brasil está sendo um peso para o Corpbanca. Os investidores estão tendo uma visão muito de curto prazo e se afastando de tudo o que seja percebido como risco".