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Fim da ilusão monetária amplia choques nos mercados

Simon Kennedy

08/01/2016 14h26

(Bloomberg) -- Os banqueiros centrais já não são os circuit breakers dos mercados financeiros.

As autoridades monetárias, que salvaram o mercado na última década com a promessa de reduções nas taxas de juros ou aquisições de ativos, agora estão sem espaço para novos cortes ou compras. Até mesmo aqueles que estão dispostos a intensificar seus esforços duvidam cada vez mais da força dessas políticas.

Com isso, os investidores estão tendo que lidar sozinhos com choques como a queda desta semana na China ou dados econômicos decepcionantes, ampliando o impacto dessas ocorrências.

"A ilusão monetária está chegando ao fim", disse Didier Saint-Georges, membro do comitê de investimento da Carmignac Gestion SA, uma empresa de gerenciamento de ativos. "Com os bancos centrais cada vez mais restringidos em suas políticas de estímulos, 2016 provavelmente será o ano em que os mercados acordarão para a realidade econômica".

Mesmo diante do cenário de prejuízos no mercado nesta semana, membros da cúpula do Federal Reserve sinalizaram a intenção de continuar elevando as taxas de juros neste ano. Os colegas deles do Banco Central Europeu e do Banco do Japão encerraram o ano passado minimizando as sugestões de que acabarão precisando intensificar os programas de ajuda econômica.

Eles não podem culpar a ninguém além deles mesmos por terem se tornado agentes da volatilidade, segundo Christopher Walen, diretor-gerente sênior da Kroll Bond Rating Agency Inc.

Ele disse à Bloomberg Television nesta semana que a propensão das autoridades a manter as taxas de juros perto de zero e comprar bonds e outros ativos repetidamente significava que eles "se envolveram demais com a economia global" e que deveriam ter deixado uma parcela maior do trabalho pesado para os governos.

Influência dos bancos centrais

A transferência para uma política fiscal mais relaxada agora precisa acontecer para que o crescimento econômico e a inflação recebam o incentivo de que precisam, disse Martin Malone, estrategista de macropolítica na corretora Mint Partners, com sede em Londres.

"As grandes economias esgotaram as políticas monetárias e cambiais", disse ele. "A ação do governo deve tomar o lugar das políticas do banco central, gerando mais gastos e investimentos confiantes do setor privado".

A influência dos bancos centrais foi enfatizada por um relatório desta semana de estrategistas de câmbio do HSBC Holdings Plc, que calcularam que os mercados cambiais estão mais sensíveis às decisões dos bancos centrais do que em qualquer outro momento nos últimos 15 anos.

Hipersensibilidade

"Os mercados de câmbio provavelmente continuarão hipersensíveis às expectativas para os juros até que superemos a era atual de política monetária extremamente acomodativa", escreveram os estrategistas, liderados por David Bloom.

Mesmo se mais estímulos acabarem sendo fornecidos pelo BCE ou pelo Banco do Japão, a disposição maior da China para desvalorizar o yuan poderá diminuir o efeito disso ao limitar os declínios em suas moedas e elevar os yields dos bonds à medida que o dinheiro sair da China, segundo George Saravelos, estrategista do Deutsche Bank AG em Londres.

"Todas essas forças naturais de mercado, suprimidas e oprimidas pela impressão de dinheiro pelos bancos centrais dos mercados desenvolvidos, provavelmente os defenderão neste ano", disse Stephen Jen, fundador do fundo hedge SLJ Macro Partners LLP, com sede em Londres. "Meu palpite é que ano esse não será tranquilo".