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Motoristas terão que pagar preço da luta contra poluição do ar

Alex Nussbaum

12/01/2016 16h49

(Bloomberg) - Talvez alguns motoristas dos EUA vejam em breve um novo gasto nos postos de gasolina: o custo de levar às ruas a luta contra o aquecimento global.

Nova York e outros quatro estados estão analisando formas de definir um preço para a poluição atmosférica emitida por carros, caminhões, trens e outros veículos - a fonte de mais de um terço das emissões de gases do efeito estufa na região nordeste dos EUA.

Talvez isso dê como resultado novos impostos, pedágios ou um sistema de comércio de emissões, que poderiam arrecadar US$ 3 bilhões por ano ou mais para projetos de transporte público, descontos para carros elétricos e outros, dizem os defensores. Após o acordo climático de Paris e com avanços dos governos para definir um preço para as emissões industriais, especialmente de centrais de energia, os órgãos reguladores estão começando a se concentrar na poluição que sai do escapamento.

"O transporte é uma das maiores fontes de emissão de dióxido de carbono do país e é preciso desenvolver estratégias inovadoras para reduzi-la", disse Lori Severino, porta-voz do Departamento de Preservação Ambiental do estado de Nova York, em mensagem enviada por e-mail. Ela salientou que as discussões "estão só começando" e que não há preferência por nenhuma política específica.

Esses estados poderiam seguir o caminho trilhado pela Califórnia, que no ano passado ampliou seu sistema de comércio de emissões para incluir também distribuidoras de combustível e refinarias. No entanto, o impacto repercutiria muito além dos alvos diretos, afetando os motoristas nos postos de gasolina, as empresas petrolíferas preocupadas com as vendas de gasolina e as fabricantes de automóveis, que poderiam passar a ver uma demanda maior por veículos mais eficientes.

Na carta do dia 24 de novembro, divulgada na véspera das negociações internacionais sobre o clima em Paris, os cinco estados prometeram "obter reduções substanciais das emissões do setor de transporte e fornecer benefícios econômicos líquidos". Além de Nova York, participam da iniciativa Connecticut, Delaware, Rhode Island, Vermont e Washington D.C.

Políticas baseadas no mercado

O grupo prometeu estudar "políticas baseadas no mercado" para reduzir as emissões do transporte; espera-se que as negociações sejam retomadas no início deste ano, de acordo com Vicki Arroyo, do Georgetown Climate Center em Washington, que está organizando a análise.

Entre as opções em discussão estão impostos sobre a gasolina, pedágios ou taxas segundo a quantidade de quilômetros percorridos e a eficiência dos veículos. Também é provável que entre em discussão um sistema de limite e comércio, no qual os órgãos reguladores definiriam um limite para o total de poluição e permitiriam que as empresas comprassem e vendessem as licenças para cobrir a produção individual. Isso, teoricamente, incentivaria os participantes a encontrar formas rentáveis de limpar o ar.

Nova York e outros oito estados já têm um sistema de comércio para as emissões de usinas de energia na região nordeste, a Regional Greenhouse Gas Initiative. A Califórnia tem um mercado semelhante, que foi ampliado em janeiro do ano passado para incluir os combustíveis usados no transporte.

Benefícios financeiros e ambientais

Outros estados estão acompanhando as negociações, disse Arroyo, diretora executiva do centro. A atratividade é tanto financeira quanto ambiental: os estados observaram uma redução da receita obtida com os impostos sobre a gasolina à medida que as pessoas passaram a dirigir menos e a usar carros mais eficientes; eles também viram que o mercado de limite e comércio para as usinas gerou mais de US$ 1 bilhão ao leiloar autorizações para as poluidoras.

O relatório de Georgetown projetou que os custos adicionais para a gasolina na região nordeste seriam mais do que compensados pelas economias obtidas com a redução do consumo de combustível e com descontos para o consumidor financiados pelos pagamentos por emissões. Os benefícios para empresas e consumidores chegariam a US$ 72,5 bilhões durante 15 anos, projetou o Climate Center.

"Já existe um sistema sólido definido para as fontes estacionárias e ele poderia ser ampliado para incluir outras fontes", disse Deron Lovaas, assessor sênior de políticas no Natural Resources Defense Council em Nova York, em uma entrevista por telefone. "O que os estados da região nordeste anunciaram poderia estar levando a isso".

Título em inglês: 'Drivers May Pay for Next Step in Fight Against Air Pollution'

Para entrar em contato com o repórter: Alex Nussbaum, em Nova York, anussbaum1@bloomberg.net

Tradução: Sílvia Ornelas Revisão: Adelina Chaves