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Outra chance de ganhar com commodities que você deixou escapar

Mathew Carr

18/01/2016 12h11

(Bloomberg) - Investidores têm outra chance de participar de uma rara recuperação das commodities que provavelmente passou despercebida no ano passado.

As licenças de poluição da União Europeia, superadas apenas pelo cacau de Londres no ano passado, podem ainda dar bons lucros. Estimulados pelos legisladores da União Europeia, em Bruxelas, os contratos estão prestes a ganhar cerca de 39 por cento em 2016, mesmo depois de um mau começo no ano, de acordo com uma pesquisa com 13 investidores e analistas feita pela agência de notícias Bloomberg. Seria o terceiro ano de ganhos depois que os preços subiram 11% em 2015.

O que faz o sistema de operações de emissões, no valor de US$ 42 bilhões, da UE diferente de outros mercados é que ele foi criado como um instrumento fundamental na estratégia do bloco para reduzir o aquecimento global. Grande parte do avanço dos preços do carbono ao longo dos últimos dois anos foi impulsionado pelas mudanças no mercado feita pelos responsáveis políticos para reduzir um excedente de autorizações.

"O sistema está ficando mais apertado a cada ano", disse Philipp Ruf, analista chefe para mercados de carbono da UE na empresa de pesquisa ICIS Tschach em Karlsruhe, Alemanha, que acompanhou o mercado por cinco anos. "Com a implementação de reformas, que reduziu os volumes de leilão, os reguladores da UE trouxeram a escassez de volta".

A previsão é que os contratos de emissões da UE deverão aumentar para 9,25 euros (US$ 10,31) por tonelada, de acordo com pesquisas feita pela Bloomberg. As estimativas de preços de fim de ano para o contrato de referência de dezembro variaram de 7,50 euros a 12 euros. Os futuros fecharam em 6,65 euros às 11h40 na ICE Futures Europe, em Londres.

O mercado não é para os fracos. Os preços já despencaram 20% este ano, eliminando todos os ganhos do ano passado quando as licenças acompanharam a queda nas commodities de energia, do petróleo ao carvão e gás natural. Um aumento de 48% em 2014 ocorreu depois de uma queda de 26% no ano anterior.

Algumas das oscilações de preços aconteceram depois de declarações políticas ou mudanças regulatórias no mercado de carbono da UE, uma forma de intervenção que pode desalentar os investidores, de acordo com traders, incluindo Louis Redshaw, da Redshaw Advisors em Londres

Preços flutuantes

"O excesso de oferta e repetidas mudanças políticas para corrigir isso fez com que os preços do carbono flutuassem, que é um fator que afasta os investidores", disse Redshaw, que costumava negociar autorizações para a Barclays. Gestores de recursos se sentirão mais confortáveis para comprar depois da conclusão das medidas tomadas pelo regulador, disse ele.

Trevor Sikorski, diretor de carbono, gás e carvão na Energy Aspects em Londres, um consultor da indústria, pode cortar sua previsão para o quarto trimestre de 10,50 euros por tonelada com os preços de gás natural continuando a cair, disse ele. O gás no Reino Unido caiu 33% no ano passado na ICE Futures Europe e perdeu outros 6 por cento este ano.

Enquanto as concessionárias usando gás exigem apenas cerca de metade dos subsídios das que utilizam carvão, os níveis atuais dos preços não estão nem perto dos 21 euros necessários para incentivar as concessionárias a usar gás em vez de carvão.

Programa de comércio de emissões da UE distribui ou leiloa licenças de emissão para cerca de 12 mil fábricas, concessionárias e companhias aéreas, que precisam de licenças para nivelar sua produção de dióxido de carbono ou pagar multas.

Os preços ainda são vistos apoiados pelos esforços da UE para combater um excedente de licenças que cresceu pelo fornecimento de um ano inteiro e empurrou o carbono para o menor valor desde 2007. O regulador do bloco este ano conclui um programa para acabar com os leilões semanais das licenças de emissão, e planeja iniciar em 2019 uma reserva de licenças que irá controlar automaticamente a oferta.

"Os legisladores fizeram tudo que puderam para lidar com o excedente", disse Anatoly Stolbov, analista da Virtuse Energia, por telefone, de Praga. "Os preços devem aumentar substancialmente ", elevando-se acima de 8 euros por tonelada até o final do ano, disse ele.