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Google pagou US$ 1 bi à Apple para manter barra no iPhone

Joel Rosenblatt e Adam Satariano

22/01/2016 17h32

(Bloomberg) - A Google pagou uma tarifa elevada para conservar sua barra de pesquisa no iPhone.

A Apple recebeu US$ 1 bilhão da concorrente em 2014, de acordo com a transcrição dos processos no tribunal da ação de direitos autorais da Oracle contra a Google. A gigante do motor de busca tem um acordo com a Apple que dá à fabricante do iPhone uma porcentagem da receita que a Google gera através do aparelho Apple, disse um advogado da Oracle em uma audiência no tribunal federal no dia 14 de janeiro.

Os rumores sobre quanto a Google paga à Apple para estar no iPhone circulavam há anos, mas as companhias nunca revelaram publicamente o valor. Kristin Huguet, porta-voz da Apple, e Aaron Stein, porta-voz da Google, não quiseram comentar a informação divulgada no tribunal.

O acordo de partilha de receitas revela o quanto a Google precisa se empenhar para que as pessoas continuem usando sua ferramenta de busca nos aparelhos móveis. Também mostra como a Apple se beneficia financeiramente com o modelo de negócios da Google, baseado em propagandas, que foi acusado pelo CEO Tim Cook de ser uma invasão de privacidade.

A Oracle vem brigando com a Google desde 2010 por alegações de que a companhia do motor de busca usou sem pagar o software Java para desenvolver o sistema operacional Android. O confronto voltou às mãos do juiz distrital dos EUA William Alsup em São Francisco depois de ter passado pelo Supremo Tribunal dos EUA, onde a Google fracassou em uma tentativa de impedir o processo. A indenização buscada pela Oracle agora poderia ser de mais de US$ 1 bilhão, pois a companhia ampliou as acusações a fim de abranger as mais novas versões do Android.

34 por cento

Annette Hurst, advogada da Oracle que revelou os detalhes do acordo entre Google e Apple na audiência da semana passada, disse que uma testemunha da Google interrogada durante as investigações antes do julgamento disse que "em dado momento, a fatia da receita era de 34 por cento". Não ficou claro na transcrição se essa porcentagem é a quantidade de receita que fica na Google ou que é paga à Apple.

Um advogado da Google objetou que essa informação fosse revelada e tentou convencer o juiz a tirar a menção aos 34 por cento dos registros.

"A porcentagem que acabou de ser mencionada deveria ser lacrada", disse o advogado Robert Van Nest, de acordo com a transcrição. "Estamos discutindo hipóteses aqui. Esse número não é de conhecimento público".

O juiz que presidia a audiência recusou o pedido da Google para evitar que a informação confidencial na transcrição fosse submetida à análise pública. A Google pediu então a Alsup para lacrar e redigir a transcrição, dizendo que a divulgação poderia prejudicar severamente a capacidade da empresa para negociar acordos semelhantes com outras companhias. A Apple se uniu ao pedido da Google em um documento separado.

'Altamente sigilosas'

"As condições financeiras específicas do acordo da Google com a Apple são altamente sigilosas tanto para a Google quanto para a Apple", disse a Google em seu documento, no dia 20 de janeiro. "Ambas as companhias sempre trataram essa informação como extremamente confidencial".

A transcrição despareceu completamente dos registros do processo por volta das 15 horas, horário do Pacífico (PST), sem nenhum indício de que o tribunal tivesse decidido a favor do pedido da Google de lacrá-la.

Título em inglês: 'Google Paid Apple $1 Billion to Keep Search Bar on IPhone'

Para entrar em contato com os repórteres: Joel Rosenblatt, em São Francisco, jrosenblatt@bloomberg.net; Adam Satariano, em São Francisco, asatariano1@bloomberg.net

Tradução: Sílvia Ornelas Revisão: Adelina Chaves