Benefícios trimestrais do Santander despencam por gastos
(Bloomberg) -- O Banco Santander ampliou seu capital no quarto trimestre, diminuindo a preocupação do investidor em relação à sua capacidade de reforçar as defesas depois que o maior banco da Espanha contabilizou gastos que reduziram os lucros.
O lucro líquido caiu para 25 milhões de euros, contra 1,46 bilhão de euros um ano antes, depois que o banco registrou 1,7 bilhão de euros (US$ 1,8 bilhão) em despesas. Entre os gastos estão provisões por sua participação no escândalo bancário britânico relacionado à venda irregular de seguros de proteção de pagamentos, disse o banco em um comunicado enviado ao mercado nesta quarta-feira. A proporção de capital do banco permaneceu em 10,05 por cento no fim do ano, contra 9,85 por cento em setembro.
"Os resultados do Santander têm sido bons, com muitos aspectos positivos se excluímos as despesas", disse Nuria Álvarez, analista de bancos do Renta 4 Banco em Madri, por telefone. "A evolução do negócio base é positiva, as proporções de empréstimos inadimplentes são baixas e o capital está acima de 10 por cento. Esses resultados deveriam acalmar as dúvidas do mercado a respeito do capital e do Brasil".
Os temores em relação ao capital e à perspectiva para o Brasil têm pressionado a busca da presidente do conselho do Santander, Ana Botín, por expandir os serviços bancários ao consumidor, seu negócio principal, em seus 10 maiores países. As ações da empresa caíram em mais de um terço nos últimos 12 meses e estavam em baixa de 0,88 por cento, em 3,95 euros, às 9h50 em Madri.
"Embora seja uma proporção baixa na comparação com seus pares, na nossa visão esse nível de geração de capital proporciona algum fôlego ao Santander", disseram os analistas Daragh Quinn e Hari Sivakumaran, da Keefe Bruyette Woods, em uma nota a clientes.
O banco recorreu aos acionistas para obter 7,5 bilhões de euros e reduziu seu dividendo no início de 2015. Botín está, agora, procurando aumentar a proporção de capital do banco para mais de 11 por cento até 2018.
"Não vamos levantar mais capital", disse ela em entrevista à Bloomberg TV em Madri. "Considerando a geração de capital orgânica após pagar dividendos e financiar o crescimento, nós nos sentimos confortáveis de que poderemos atingir a meta de permanecer acima de 11 por cento".
Impacto no lucro
O lucro trimestral foi impactado por uma provisão de 600 milhões de euros para cobrir futuros pedidos de proteção de empréstimos no Reino Unido e 1,1 bilhão de euros para outras despesas, inclusive para cobrir a queda do valor de softwares e outros ativos intangíveis.
"Cumprimos tudo o que dissemos que faríamos há um ano quando levantamos capital", disse Botín. Além de aumentar suas proteções, o Santander melhorou os resultados de receita e aumentou os lucros por ação em 2015, disse ela.
A receita líquida de juros, que é a receita gerada a partir da diferença entre o que os bancos cobram pelos empréstimos e o que pagam em financiamento, subiu para 7,89 bilhões de euros, contra 7,7 bilhões de euros um ano atrás. Houve uma queda de 1,2 por cento em relação ao trimestre anterior.
Confiança no Brasil
O lucro proveniente da unidade britânica, principal colaboradora do lucro, subiu 22,7 por cento no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a unidade brasileira teve um declínio de 12 por cento devido à contração econômica.
"Acreditamos que o Brasil será difícil nos próximos anos, mas o Brasil é muito mais que commodities, é muito mais que exportações para a China", disse Botín. "Eu tenho uma grande confiança de que o Brasil sairá dessa mais forte. Vai ser difícil, mas tenho confiança de que eles tomarão as decisões corretas".
Os lucros caíram 67 por cento na unidade bancária espanhola, para 94 milhões de euros. A receita líquida de juros caiu 16 por cento em relação ao ano anterior devido às taxas de juros baixas e à forte concorrência, disse o banco em uma apresentação. O banco também teve de pagar uma contribuição anual para o esquema de segurança de depósito espanhol.
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