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Champagne flui como água na Costa do Marfim enquanto os jovens se divertem

Pauline Bax

29/01/2016 14h45

Há poucas coisas que as pessoas da Costa do Marfim gostam mais do que de uma noite com champanhe, música e charutos.

A venda de champanhe aumentou no país, que se tornou o maior mercado em crescimento para espumantes na África. As vendas quase triplicaram entre 2011 e 2014, para 211.103 garrafas, de acordo com o comitê Champagne, uma associação comercial com sede em Éperney, na França. E julgando pelas últimas estimativas, as vendas cresceram 65 por cento novamente no ano passado, de acordo com a Taittinger SA, uma produtora de champanhe que recentemente apresentou seus planos para a expansão africana em uma festiva recepção na capital comercial da Costa do Marfim, Abidjan.

O preço de uma garrafa de champanhe na Costa do Marfim começa em cerca de 22.500 francos (US$ 38) e pode chegar a 120 mil francos (US$ 200) - não exatamente uma compra barata em um país cuja renda per capita foi de US$ 1.319 em 2015, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. Mas isso não está detendo os consumidores.

"O champanhe está fluindo como água na Costa do Marfim", disse Vincent Voisin, diretor de exportação do Grands Chais de France para a África e o Oriente Médio, um dos líderes da França em exportação de vinhos e destilados. "Os marfinenses gostam de festejar e as mulheres estão consumindo cada vez mais. A bebida tornou-se um luxo acessível com uma classe média crescente que usa o dinheiro para se divertir", disse Voisin em uma entrevista em Abidjan.

Com o envelhecimento da população na Europa e o crescimento moderado, mais empresas de consumo estão se voltando para economias de rápida expansão na África, onde os jovens são maioria. As vendas de champanhe estão caindo na União Europeia e pouco mudaram na última década nos Estados Unidos. A África será o mercado de crescimento mais rápido para cerveja e outras bebidas alcoólicas nos próximos quatro anos, segundo pesquisadores de mercado de Londres como a IWSR e a Canadean.

Recuperando-se de um prolongado conflito de uma década que culminou em uma batalha sangrenta por Abidjan em 2011, a Costa do Marfim está se beneficiando da rápida urbanização, de uma classe média em expansão e de mudanças demográficas. Em uma população de 23 milhões, 59 por cento têm menos de 25 anos e mais de um terço está em idade profissional, entre 25 e 54 anos.

A Nigéria, que tem a maior população da África, com mais de 170 milhões, ainda lidera o ranking de maior compradora de champanhe no continente, seguida pela África do Sul.

Quatro anos consecutivos de rápido crescimento econômico na Costa do Marfim se traduziram em um aumento de 20 por cento na renda per capita, segundo o FMI. No ano passado, a expansão da economia foi estimada em 8,6 por cento, mais do dobro da média da África Subsaariana. O governo está prevendo um crescimento de ao menos 9 por cento neste ano.

Mas há mais acontecendo além de mudanças demográficas. Os marfinenses têm uma reputação no Oeste Africano por sua natureza de amar a diversão, as tendências musicais e a cena de moda.

A recuperação também trouxe de volta cidadãos que tinham fugido da crise para países incluindo a França, do qual a Costa do Marfim era colônia. Entre os que voltaram estão muitas mulheres altamente educadas, de espírito independente entre 30 e 35 anos, trazendo com elas uma predileção por marcas estrangeiras de qualidade, de acordo com Ranie-Didice Bah, economista do Ministério do Trabalho da Costa do Marfim.

"Essas mulheres estão acostumadas a certas comidas e a certas roupas", disse por telefone. "E são elas que abastecem a demanda local por marcas estrangeiras que você vê surgindo em Abidjan, do champanhe às redes de supermercados e padarias."