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Desemprego atinge mínimo recorde na Alemanha por boom de demanda

02/02/2016 15h57

Ott Ummelas e Alessandro Speciale (Bloomberg) - A taxa de desemprego da Alemanha caiu inesperadamente para um valor mínimo recorde em janeiro, sinal de que a confiança econômica na maior economia da Europa está aguentando a turbulência nos mercados globais.

A taxa de desemprego recuou para 6,2 por cento, o nível mais baixo desde a reunificação da Alemanha, frente a 6,3 por cento no mês anterior, mostraram nesta terça-feira dados da Agência Federal de Trabalho em Nuremberg. O número de desempregados diminuiu, com ajustes sazonais, em 20.000 pessoas, para 2,73 milhões. Economistas em uma pesquisa da Bloomberg prenunciaram uma queda de 8.000.

A fortaleza do mercado de trabalho da Alemanha é sinal de uma demanda doméstica resiliente que deveria continuar sustentando o que o ministro da Economia, Sigmar Gabriel, descreveu na semana passada como uma "situação boa e estável" para o país. É possível que em breve a economia receba outro impulso, já que o Banco Central Europeu cogita aumentar o estímulo para o conjunto da zona do euro.

"O bom desenvolvimento do mercado de trabalho continuou no começo do ano", disse Frank-Jürgen Weise, presidente da agência de trabalho, em um comunicado.

Crise

Um fato que destaca a força do mercado de trabalho alemão, apesar de o país estar lidando com uma crise de refugiados devido à qual houve um fluxo de entrada de mais de 1 milhão de imigrantes só em 2015, é que o emprego também continua aumentando. O número de pessoas com emprego subiu, com ajustes sazonais, 44.000 em dezembro, mostrou o relatório desta terça-feira. Os números sobre emprego são registrados com um mês de atraso.

O crescimento da taxa de emprego na Alemanha foi impulsionado por uma alta veloz da participação das mulheres na força de trabalho nos últimos dez anos. Cerca de 73 por cento das mulheres tinham emprego em 2014, uma alta de 10 pontos percentuais desde 2005, mostraram no mês passado dados publicados pela Agência Alemã de Estatística. Ao todo, com 78 por cento da população de 20 a 64 anos empregada, na União Europeia a Alemanha só perde para os 80 por cento da Suécia.

Impulso

Embora as empresas ainda enfrentem riscos de queda, mais notavelmente uma desaceleração da economia chinesa, que está sacudindo os mercados financeiros globais e pesando sobre o comércio mundial, o alto nível de emprego e a fraqueza dos preços do petróleo têm impulsionado o gasto dos consumidores. Um índice da atividade da produção fabril alemã publicado na segunda-feira caiu para o valor mais baixo em três meses e os pedidos novos caíram para o nível mais fraco desde setembro.

Isso mantém a pressão para que a demanda doméstica sustente a expansão econômica. Projeta-se que o gasto crescerá 2,3 por cento em 2016, em comparação com uma estimativa de 1,6 por cento em 2015, disse o Ministério da Economia em sua perspectiva anual, publicada na semana passada. A previsão é de que o crescimento das exportações, a espinha dorsal histórica da economia da Alemanha, desacelere de 5,4 por cento para 3,2 por cento.

É possível que haja mais estímulo à frente, cortesia do BCE. O banco central com sede em Frankfurt está avaliando sua política monetária para a zona do euro para ver se é necessário haver mais flexibilização para atingir a meta de inflação. A queda dos custos da energia está impedindo que o crescimento dos preços ao consumidor aumente. Isto está preocupando as autoridades de que as expectativas de inflação baixas se consolidem, pesem sobre o crescimento dos salários e minem a recuperação da região.