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Cinco perguntas para a presidente do BC dos EUA

Mohamed A. El-Erian

09/02/2016 12h55

(Bloomberg View) - A presidente do Federal Reserve, (Fed, o banco central dos Estados Unidos) Janet Yellen, vai dar seu depoimento semestral nas comissões da Câmara e do Senado dos EUA nesta semana.

Seus comentários serão acompanhados de perto, especialmente à luz do recente aumento da insegurança econômica global - que intensificou as conversas sobre uma ameaça de recessão --e da volatilidade financeira mundial.

Aqui estão cinco perguntas que devem ser feitas como parte da avaliação mais ampla sobre a evolução econômica, as previsões e as perspectivas para a política do Fed.

  • Como a fraqueza internacional influencia as perspectivas econômicas dos EUA?

Os relatórios de emprego de janeiro publicados na sexta-feira sugeriram que a economia está relativamente em boa forma (embora não muito), apesar das preocupações crescentes com a perspectiva global.

Haverá muito interesse na avaliação prospectiva de Yellen da resiliência econômica dos EUA, sobretudo levando em conta a recente queda acentuada no rendimento dos títulos do Tesouro, que é visto por muitos como um sinal de fraqueza no futuro.

  • A recente aceleração do aumento dos salários é sustentável?

Embora os EUA tenham sido um dos motores mais poderosos do mundo em criação de empregos nos últimos anos, a recuperação do mercado de trabalho ainda não foi acompanhada por aumentos sólidos nos salários.

Os dados do relatório de emprego de janeiro --especialmente o aumento nos ganhos por hora e nas horas trabalhadas - levaram a previsões de que haverá um crescimento salarial mais robusto no futuro.

Trabalhadores e investidores estarão ansiosos para saber como Yellen acha que isso vai acontecer.

  • A inflação ou a deflação será o principal risco para a economia dos EUA?

A possibilidade de um crescimento salarial maior sugere uma tendência ascendente para a inflação. Mas também há forças que empurram na direção contrária, como a queda maior dos preços do petróleo durante os últimos meses, que contribuiu para aumentar as tendências deflacionárias particularmente na Europa.

Vários países continuam inclinados a confiar em políticas que exportam deflação, como a desvalorização cambial, enquanto lutam para preservar o crescimento doméstico. E as empresas continuam bastante avessas ao risco e hesitam em usar o dinheiro que têm em gastos expansionistas de novas fábricas e equipamentos.

Yellen poderia dar orientações sobre como o equilíbrio dessas forças evoluirá.

  • O declínio acentuado das ações do setor bancário indica um novo problema?

Os mercados de ações reprecificaram a avaliação dos bancos muito mais abaixo, em grande parte devido a preocupações com a exposição a empréstimos ao setor da energia e com a compressão implacável das margens líquidas de juros.

Os investidores estarão esperando que Yellen indique se isso sugere problemas sistêmicos ou se reflete um novo paradigma de avaliação, que acabará se tornando estável.

  • A instabilidade do mercado financeiro vai contaminar a economia?

O comportamento recente dos mercados levantou questões sobre a eficácia das políticas não convencionais e persistentes dos bancos centrais como forma de impulsionar a atividade econômica.

O crescente reconhecimento de que essas instituições são menos capazes (no caso da zona do euro, da China e do Japão) e estão menos dispostas (o Fed) a reprimir de forma consistente a volatilidade financeira levanta questões sobre a possibilidade de repercussões adversas para a economia mais ampla. Yellen poderia fornecer uma avaliação desse risco.

As observações de Yellen vão influenciar a perspectiva dos mercados para a economia dos EUA e as projeções para a política do Fed, incluindo a potencial frequência e o calendário de futuras ações sobre os juros.

Infelizmente, os comentários não vão servir - pelo menos, por enquanto - como o catalisador para a ação mais necessária de garantir a prosperidade econômica sustentável e uma genuína estabilidade financeira: a decisão dos legisladores no Capitólio de afastar a política macroeconômica da dependência excessiva no Fed e em direção a uma abordagem mais abrangente que possa remover impedimentos estruturais ao crescimento, incluindo infraestruturas obsoletas, distorções fiscais e investimentos inadequados em capital humano.

Essa mudança também precisaria lidar com as deficiências de demanda agregada, acabar com os bolsos apertados pelo endividamento excessivo e ajudar a restaurar a liderança norte-americana graças a uma coordenação mais eficaz da política global.