IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Gerente que ganhou US$ 20 bi depois da crise volta a comprar

Tom Redmond

09/02/2016 15h27

(Bloomberg) - David Samra, premiado por suas escolhas de ações durante e após a crise financeira de 2008, diz que está comprando novamente.

Samra, que controla cerca de US$ 20 bilhões para a Artisan Partners, afirma que o momento exige mão firme e frieza, porque aumentam as preocupações com a desaceleração na China e com a queda do preço de petróleo. O vencedor do ranking internacional de gerentes de ações da Morningstar em 2008 e 2013 diz que está obedecendo sua abordagem de investimento: encontrar ações subvalorizadas com balanços sólidos.

"Damos as boas-vindas a esses tipos de mercado", disse Samra em uma entrevista por telefone, de São Francisco, na segunda-feira. "Não ficamos felizes em ver a potencial ruptura social e econômica que aconteceu durante a crise financeira. Ela causou muita miséria humana. Você não é feliz existencialmente com o que está acontecendo. Por outro lado, isso acabou sendo uma oportunidade de mercado".

As ações globais perderam US$ 7,7 trilhões em valor neste ano até segunda-feira, em função das quedas das commodities e do diferencial das ações de Shangai, que tomaram os bancos internacionais como a mais recente vítima. As ações em todo o mundo estavam em tendência baixista (bear market) na terça-feira, porque o iene subiu e o risco dos bonds corporativos deram um salto. O Artisan International Value Fund, de US$ 10,7 bilhões, o maior dos administrados por Samra, perdeu 8,3 por cento em 2016, mas ainda supera cerca de três quartos de seus pares.

Os mercados ficaram "muito gananciosos" nos últimos anos, de acordo com Samra, e era hora de aproveitar e vender ações. Nas condições atuais, é hora de "comprar agressivamente", acrescentou. Seu principal fundo tinha 12,7 por cento de seus ativos em dinheiro até o dia 31 de janeiro.

Aposta no UBS

No UBS Group, que caiu 26 por cento este ano, Samra vê sua combinação preferida: baixo preço e contenção de segurança. O banco suíço, o terceiro maior ativo no maior fundo de Samra, apresenta níveis de capital fortes, um balanço menos complexo e uma unidade de gestão de patrimônios que vale mais do que o valor de mercado do credor, diz Samra, embora recusando-se a especificar quais ações está comprando em meio à queda forte. O presidente do conselho, Axel Weber, está adotando a abordagem correta, priorizando gestão de patrimônios sobre áreas de investment bank, disse ele.

No início deste mês, o Credit Suisse Group informou seu maior prejuízo trimestral em sete anos, por ter realizado a baixa contábil da reputação e reservado provisões para litígios, o que levou as ações para o valor mais baixo em 25 anos. A queda nos lucros nas divisões de gestão de patrimônio e de investment bank do UBS também provocaram a maior queda de suas ações em mais de um ano.

O UBS está "muito à frente dos concorrentes, bem à frente do Credit Suisse", disse Samra. Ventos contrários no curto prazo, tais como declínios em ativos sob gestão e regulamentações mais rígidas "não prejudicam a franquia no longo prazo".

O International Value Fund tinha 42 ativos no final de janeiro, sendo que Compass Group e Samsung Electronics foram os dois maiores ativos, de acordo com informações do site da Artisan Partners.

Criação de bolhas

Uma região onde Samra não tem pressa para investir é a China. Ele diz que talvez a economia já tenha parado de crescer e que as avaliações não são "nem de perto" atraentes.

Quanto ao petróleo, outra obsessão dos mercados globais neste ano, Samra diz que provavelmente este seja o momento de ficar otimista. O crescimento da produção parou e os preços mais baixos vão reduzir o apelo das fontes de energia substitutas, disse ele. O West Texas Intermediate foi negociado perto de US$ 30 por barril na terça-feira e registra uma queda de mais de 50 por cento desde junho.

Samra diz que está em dúvida sobre as políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais depois da crise financeira. O Japão, que já está comprando uma quantidade sem precedentes de bonds para estimular a economia, disse no mês passado que iria passar para as taxas de juros negativas. O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse que poderia haver mais flexibilização em março.

"O mundo não está bem", disse Samra. "Sempre temos que lidar com um equilíbrio entre gerar inquietação social e criar bolhas, mas agora erramos no lado da criação de bolhas", disse ele. "Tivemos distorção, distorção e mais distorção. E continuamos usando os mesmos remédios e causando mais distorções".

Título em inglês: 'The $20 Billion Manager Who Won After the Crisis Is Buying Again'

Para entrar em contato com o repórter:

Tom Redmond, em Tóquio, em tredmond3@bloomberg.net.