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UE pode evitar desastre se seguir exemplo da Itália, diz Renzi

John Micklethwait, Alessandra Migliaccio e John Follain

10/02/2016 15h53

(Bloomberg) - O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, está declarando vitória em casa e assumindo um papel mais assertivo além do território italiano.

Em uma entrevista nesta semana, em sua residência em Roma, Renzi criticou as tentativas de outros líderes da União Europeia de querer controlar as várias crises do bloco e disse que eles não têm uma estratégia clara. Embora críticos afirmem que seu programa interno está longe de ser completo, Renzi disse que seus colegas deveriam seguir o exemplo da Itália para reverter a situação.

"A União Europeia é como a orquestra do Titanic", disse Renzi. "Fizemos reformas e estamos em posição de dizer aos parceiros da UE: 'amigos, podemos mudar essa abordagem errada e burocrática'".

Os líderes europeus não tiveram descanso na maior parte do ano passado, com conflitos que agitaram os países vizinhos, da Líbia à Ucrânia, e refugiados sírios que não param de chegar às fronteiras, ao mesmo tempo em que os responsáveis pelas políticas econômicas lutam com as consequências da crise da dívida e os britânicos debatem se abandonar ou não o projeto europeu.

Pragmatismo italiano

Para dar certa ordem ao caos, Renzi sugere que a UE precisa usar suas forças financeiras e militares onde elas possam fazer uma diferença e reconhecer os limites de seu poder em outros lugares. Isso significa diminuir as restrições orçamentárias para aliviar as tensões sociais da crise de refugiados, enviar tropas para a Líbia e tentar se reconciliar com a Rússia.

Renzi também precisava da aprovação da Comissão Europeia para um plano que resolvesse os empréstimos de cobrança duvidosa que estão arruinando o setor bancário da Itália. As ações dos bancos do país perderam mais de 30 por cento neste ano e a produção fabril caiu inesperadamente em dezembro, um sinal de que a recuperação doméstica está longe de estar garantida.

A Itália está pronta para assumir "um papel mais maduro", disse a ministra de Defesa, Roberta Pinotti, em outra entrevista na segunda-feira. A Itália "trabalha para estar entre os principais atores do cenário mundial. A política externa de Renzi é diferente e, sem dúvida, é muito mais assertiva", disse ela.

Influência de Renzi na UE

A primeira tentativa de Renzi para mudar o curso da política da UE ocorreu em abril do ano passado, depois que cerca de 700 imigrantes morreram afogados no litoral da Líbia. O primeiro-ministro italiano exigiu a ajuda do restante do bloco para enfrentar o problema. Os líderes europeus responderam com promessas de embarcações da Marinha e uma quantidade maior de dinheiro para identificar os barcos que traficavam pessoas no Mar Mediterrâneo.

Desde então, Renzi tem criticado a Alemanha e a França, os países de maior influência da UE, por tentar fechar acordos bilaterais em questões como a crise de refugiados. Ele desafiou a chanceler alemã Angela Merkel em relação a um plano de ajuda à Turquia para conter o fluxo de refugiados e pressionou para aproximar a Rússia da União Europeia.

Muitas destas alfinetadas foram ignoradas até agora, mas ele terá nova chance de insistir na próxima semana, quando os líderes da União Europeia se encontrem para uma cúpula em Bruxelas.

"Um país está particularmente afetado pela crise migratória, outro terá eleições no próximo ano, outro está concentrado em um referendo, outro está sem governo", disse Renzi. "A Itália não resolveu todos os seus problemas, mas mostrou nos últimos dois anos que tudo é possível".