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Zona do euro mantém impulso apesar da turbulência dos mercados

Maria Tadeo

12/02/2016 15h45

(Bloomberg) - A economia da zona do euro manteve o impulso no final de 2015, apesar de que as divergências na região realçam os conflitos em curso e a turbulência no mercado global ameaça as perspectivas.

A expansão de 0,3 por cento no quarto trimestre foi impulsionada pela Alemanha, a maior economia da região, que cresceu no mesmo ritmo. O crescimento na Itália desacelerou para apenas 0,1 por cento - o mais fraco em um ano - e a Grécia caiu de novo em recessão.

A mais recente análise da recuperação da economia coincide com o momento em que o Banco Central Europeu pondera se uma nova rodada de estímulo econômico seria necessária para resguardar o crescimento e empurrar a inflação para mais perto da meta de pouco menos de 2 por cento. Enfrentando a volatilidade do mercado, a queda do petróleo e novas preocupações com o enfraquecimento da produção mundial, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a instituição tem todos os instrumentos necessários e está pronta para ajustar a política caso seja necessário.

"Nós vimos uma desaceleração no segundo semestre, os ventos contrários pareciam aumentar devido a um ambiente global cada vez mais desafiador", disse Nick Kounis, chefe de pesquisa macro do ABN Amro Bank em Amsterdã. "Está claro que haverá uma revisão para baixo da previsão do crescimento e da inflação, o que deveria fornecer uma forte evidência para que os membros mais brandos do BCE pressionem por uma maior flexibilização".

As ações mundiais tiveram um pequeno alívio nesta sexta-feira depois de uma semana turbulenta, em que as bolsas europeias abriram em alta porque o petróleo subiu depois de ter chegado ao preço mais baixo em 12 anos. O Stoxx Europe 600 Index se recuperou de seu fechamento mais baixo desde setembro de 2013. Mesmo assim, ele retrocedeu mais de 15 por cento neste ano.

Pressões desinflacionárias

Mesmo que a economia da zona do euro mostre resiliência, talvez o crescimento modesto não seja suficiente para reagir às pressões desinflacionárias do exterior, o que levaria o BCE a recorrer a novas medidas. Ao fazer isso, o BCE entraria no mesmo grupo que os bancos centrais do Japão e da Suécia, que tomaram medidas para reanimar a inflação em um ambiente de crescente incerteza global. A situação também é impulsionada pela fraqueza do setor bancário europeu, que esteve sob pressão nos últimos dias.

A produção industrial da zona do euro caiu 1 por cento no mês de dezembro, segundo dados publicados pelo departamento de estatísticas da União Europeia na sexta-feira. Essa é a maior queda desde agosto de 2014.

"A produção industrial fraca mostra que a zona do euro não está imune à fraqueza dos mercados emergentes, e muito menos à oscilante economia dos EUA", disse Teunis Brosens, economista do ING Bank em Amsterdã.

Opções do BCE

Algumas das opções do BCE seriam aumentar as compras mensais de ativos, atualmente em 60 bilhões de euros (US$ 68 bilhões), e reduzir a taxa de depósito para um território ainda mais negativo, poucos meses depois de ter anunciado uma nova rodada de estímulo em dezembro.

A taxa média overnight do euro, Eonia, que mede o custo dos empréstimos entre bancos da zona do euro, avaliou totalmente um corte de 10 pontos-base na taxa de depósito do BCE antes da reunião do dia 10 de março, quando o banco central decidirá o que mais precisa ser feito e em que formato. O BCE também vai atualizar suas projeções econômicas, coincidindo com a reunião, incluindo uma primeira avaliação para 2018.

A Comissão Europeia já cortou sua previsão de crescimento e de inflação para 2016, apontando para os riscos que emanam dos mercados emergentes e para a crise dos refugiados. A Comissão considera que a inflação será de apenas 0,5 por cento neste ano, e o crescimento, de 1,7 por cento, em contraste com uma projeção anterior de 1,8 por cento.