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Analista do Goldman aconselha a não entrar em pânico com a China

Bloomberg News

18/02/2016 15h59

(Bloomberg) -- O crescimento da China deverá desacelerar neste trimestre e o caminho pela frente será acidentado. Mas não entre em pânico, diz o analista que mais acerta previsões sobre a economia do país.

O crescimento diminuirá para 6,7 por cento nos três primeiros meses do ano porque os serviços financeiros contribuirão menos com a expansão do que no ano passado e as medidas políticas para apoiar o crescimento foram reduzidas em relação ao último trimestre de 2015. É o que diz Song Yu, economista-chefe para a China do Goldman Sachs Gao Hua Securities Co. em Pequim e melhor analista global para a economia da China nos últimos dois anos, segundo o Bloomberg Rankings.

O crescimento do ano cheio cairá para 6,4 por cento em 2016, enquanto os salários, os empregos e o consumo "sentirão um impacto", mas Song diz que não está pessimista em relação às perspectivas econômicas para a China e que discorda das previsões sombrias de um colapso iminente.

"Algumas pessoas estão formulando argumentos extremos e dizendo que a máquina como um todo não está funcionando", disse Song. "Não é o que nós vemos. De uma forma geral, o avião está se movendo na direção certa e, em linhas gerais, está sob controle".

As autoridades têm aumentando o apoio à economia. Na quinta-feira, o banco central fixou taxas de juros mais baixas propondo a redução do custo de financiamento de médio prazo que cobra dos bancos, segundo uma pessoa com conhecimento direto do assunto. A principal agência de planejamento do país também disponibilizou mais dinheiro para projetos locais de infraestrutura.

Dados divulgados na quinta-feira ilustraram o espaço para flexibilização das políticas. A deflação nas fábricas do país se ampliou para um recorde de 47 meses em janeiro. A inflação nos preços ao consumidor aumentou, encabeçada pelos custos dos alimentos na véspera do feriado do ano-novo lunar, com uma semana de duração.

Os dados publicados na segunda-feira ressaltaram os desafios enfrentados pelo país que mais realiza trocas comerciais no mundo, porque as importações caíram 18,8 por cento em janeiro em relação ao ano anterior em dólares e as exportações tiveram um declínio de 11,2 por cento.

A trajetória descendente de crescimento deverá continuar nos próximos dois anos, mas não há motivo para pânico porque as autoridades chinesas contam com uma ampla margem para respaldar o crescimento e também podem liberar novos motores de crescimento, disse ele.

Quando o crescimento diminuir "as autoridades inventarão alguma saída", disse ele.

"A flexibilização foi suficiente para gerar pequenas subidas em uma tendência decrescente", disse ele. "E poderiam ter feito mais. Mas eles escolheram não fazer mais e isso é importante. Eles guardaram munição. Eles querem deixar alguma munição para se protegerem de riscos extremos".

Song compara a economia com uma pessoa que tem seus movimentos limitados, com restrições como os requisitos sobre a razão das reservas bancárias, entre as mais altas do mundo.

'Cordas e correntes'

"Essa pessoa tem cordas e correntes por todo o corpo e ainda assim caminha a 1,5 quilômetro por hora", disse ele. "Não é a mesma velocidade de alguém que está sob o efeito de estimulantes, mas ainda assim ela consegue caminhar 1,5 quilômetro por hora. Se enfrentar algum obstáculo, a China simplesmente soltará algumas cordas".

Song diz que após um período de estabilização é provável que as autoridades chinesas guiem o yuan cuidadosamente para baixo mais uma vez. Ele estima que cada dólar valerá 7 yuans até o fim deste ano e 7,3 yuans até o fim de 2017.

"Nós achamos que uma desvalorização de 10 por cento ou modestamente maior seria suficiente para atingir um ponto não muito longe do nível de equilíbrio", disse ele.

O ranking dos analistas econômicos é baseado nos dois últimos anos de dados reportados até 1o de janeiro e utiliza estimativas enviadas à Bloomberg para nove indicadores importantes, como crescimento, exportações, importações, investimentos em ativos fixos e preços ao consumidor e ao produtor.

Título em inglês: Goldman Sachs Top Forecaster Says Don't Panic as China Slows

Para entrar em contato com a equipe da Bloomberg News:Kevin Hamlin, em Pequim, khamlin@bloomberg.net