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Investidores temem que acordo com as Farc fragilize presidente Santos

Christine Jenkins e Ben Bartenstein

18/02/2016 09h32

(Bloomberg) -- Na esteira do colapso do petróleo, os investidores de crédito temem cada vez mais que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, possa se enfraquecer demais politicamente para aprovar as reformas tributárias necessárias para fortalecer as contas do país.

Santos, cujos índices de aprovação já estão em cerca de 30%, busca assinar um polêmico tratado de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, para encerrar cinco décadas de conflitos até março.

Mas o esforço ocorre após o governo ter adiado para o segundo semestre do ano uma legislação para mudar as leis tributárias.

O risco é que o tratado de paz custe a Santos o apoio do Congresso e diminua sua capacidade de realizar reformas tributárias para aumentar as receitas do país, dependente do petróleo.

Essas preocupações levaram os swaps de crédito da Colômbia a dar o maior salto entre os países em desenvolvimento nos últimos três meses.

Esta é também uma das razões pelas quais o Standard Poor's reduziu para negativa sua perspectiva para a classificação da Colômbia, na terça-feira.

"A reação está mais ligada ao capital político que poderia ser usado no Congresso", disse Tiago Severo, analista do Goldman Sachs Group.

"Sabemos que alguns membros não apoiam as negociações com as guerrilhas. Esse aspecto poderia se tornar problemático e criar mais resistência em relação à reforma tributária".

O ministro das Finanças, Mauricio Cárdenas, disse esperar que a perspectiva para a classificação de crédito do país volte a ser estável após a aprovação do projeto de lei de reforma tributária.

A Colômbia também aplicará cortes de gastos de cerca de 0,8% do produto interno bruto para atingir sua meta de déficit fiscal deste ano, disse Cárdenas, em entrevista coletiva, na terça-feira.