Para bilionário sul-africano, Estado precisa reduzir custos
(Bloomberg) -- Para Christo Wiese, o homem mais rico da África do Sul, o governo precisa reduzir o custo do serviço público, gerar empregos e endireitar empresas estatais deficitárias para evitar um rebaixamento da classificação de crédito.
"Escutamos que o corte de custos está para chegar. Só não tenho certeza se o governo está olhando para as áreas certas nas quais efetuar cortes de custos", disse o bilionário Wiese, de 74 anos, que é presidente do conselho da Shoprite Holdings.
Ele deu entrevista por telefone, na terça-feira, véspera do dia programado para a apresentação do orçamento ao Parlamento pelo ministro das finanças, Pravin Gordhan. "Temos que avaliar o custo do governo", disse Wiese.
Em dezembro, a Standard Poor's colocou a classificação BBB- da África do Sul em perspectiva negativa, indicando que a agência poderia cortar a dívida do país para abaixo do grau de investimento. A Fitch Ratings mantém uma classificação equivalente para o país, de BBB-, e a Moody's Investors Service classifica a África do Sul um nível acima.
Wiese disse que o serviço público da África do Sul precisa nomear mais pessoas com experiência e qualificação. O presidente Jacob Zuma demitiu o então ministro das finanças Nhlanhla Nene em dezembro, substituindo-o pelo pouco conhecido David van Rooyen, uma medida que desencadeou uma forte queda do rand e dos bonds do país. Zuma deu meia-volta quatro dias depois e renomeou Gordhan para o cargo que ele tinha ocupado de 2009 a 2014.
Nomeações constrangedoras
"Deveríamos ser muito gratos a esses servidores públicos que estão realizando um serviço excelente, mas por que precisamos ser constantemente envergonhados por nomeações de pessoas para cargos para os quais claramente não estão qualificadas e para que depois, às vezes, acabem mostrando ser desonestas ou totalmente incompetentes?", questionou Wiese, que possui cerca de US$ 6,3 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.
Nesta quarta-feira, em seu primeiro discurso sobre o orçamento desde que retornou ao cargo, Gordhan, 66, precisará lidar com a queda na receita em meio ao declínio dos preços das commodities, à pior seca em mais de um século e à desaceleração do crescimento econômico. Gordhan também buscará restaurar a confiança na política econômica, evitar que o país perca sua classificação de grau de investimento e afastar a recessão.
O governo também precisa endireitar as empresas estatais, que "sangram dinheiro em enormes quantidades", e o Estado precisa assegurar que para "toda decisão sobre políticas" se analise se o resultado criará empregos, disse Wiese. A taxa de desemprego do país, de 25 por cento, é a mais elevada entre quase 40 países emergentes monitorados pela Bloomberg.
Custo do governo
"Por que a África do Sul precisa ter 74 pessoas no Poder Executivo?", disse ele. "Não existe um país com um tamanho semelhante, não sei de nenhum país que tenha essa quantidade de gente no Poder Executivo. Essas coisas custam bilhões".
Esta não é a primeira vez que Wiese repreende o governo. No ano passado, ele criticou as novas regras para vistos, dizendo que elas desencorajaram o turismo, e os procedimentos burocráticos que tornaram mais caro e demorado o acesso das pessoas aos títulos das propriedades onde viveram por décadas.
Wiese, que em março fechou o maior negócio da África do Sul em uma década ao vender sua rede varejista de produtos de baixo preço Pepkor Holdings à Steinhoff International Holdings por 62,8 bilhões de rands (US$ 4,1 bilhões), disse: "não estou desanimado, de forma alguma, mas às vezes você se frustra".
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