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Realidade virtual chega ao mundo dos negócios em Barcelona

Stefan Nicola e Marie Mawad

24/02/2016 14h02

(Bloomberg) -- Boa parte do burburinho causado pela realidade virtual tem girado em torno dos videogames e do entretenimento, mas nesta semana, na maior conferência de tecnologia da Europa, Mark Zuckerberg, do Facebook, e Vittorio Colao, CEO da Vodafone Group, estão promovendo aplicações menos óbvias para os chamados aparelhos envolventes -- na educação, na segurança e no turismo.

Zuckerberg fez uma aparição surpresa na apresentação da Samsung Electronics de uma nova câmera de realidade virtual de 360 graus, em Barcelona, para falar sobre como ela poderia criar novas formas de comunicação. O Facebook disse um dia antes, em um blog, que montou uma "equipe de realidade virtual social" para estudar o futuro das videoconferências e das chamadas por vídeo de hoje. Uma pessoa em uma mesa, em Kalamazoo, Michigan, EUA, por exemplo, pode se encontrar com colegas da Finlândia em um endereço completamente diferente, talvez no alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

"Imagine poder realizar uma reunião ou um evento de grupo em qualquer lugar do mundo", disse Zuckerberg. "No momento, a realidade virtual é basicamente usada para videogames e entretenimento, mas isso está evoluindo rapidamente. Um dia você poderá usar um headset que mudará a forma de viver, trabalhar e se comunicar".

O treinamento nas empresas custará muito menos quando as pessoas puderem fazê-lo por detrás de seu headset de realidade virtual, disse Colao, da Vodafone, no discurso de abertura da conferência. A educação, de uma forma mais ampla, poderia se beneficiar com essas novas ferramentas, disse ele.

"Claramente a realidade virtual será a experiência mais envolvente para os consumidores", disse Colao. "Ela será usada para entretenimento e para videogames, é claro, mas o mais importante é que será usada também para a capacitação".

A AT&T já está ajudando sua equipe de segurança a enfrentar os hackers de uma forma completamente nova: colocando-os atrás de um headset de realidade virtual. A operadora construiu um ambiente de videogame -- uma versão dele pode ser testada na conferência -- que simula ataques à sua rede para que os funcionários possam aprender, enquanto jogam, o que pode acontecer e como responder melhor.

"Trata-se de uma forma extraordinária de explorar cenários de ataques mais avançados", disse o diretor de estratégia da empresa, John Donovan. "Isso cria um ambiente impossível para uma mesa de uma sala de conferência".

A região da Catalunha, na Espanha, montou uma cadeira de realidade virtual em seu estande para impulsionar o turismo. Os participantes da conferência se sentam e apertam os cintos em uma cadeira de couro capaz de realizar movimentos, ajustam o headset e exploram imagens de experiências na Catalunha filmadas com câmeras GoPro, incluindo um tour pelo estádio de futebol do FC Barcelona, o Camp Nou, com capacidade para 99.000 pessoas.

Substituindo os folhetos

"Em vez de distribuir folhetos, nós entregamos a eles as experiências reais", disse Ferran Macià, do departamento de turismo catalão. "Temos provas de que se as agências de viagens usassem realidade virtual, as vendas, na verdade, aumentariam".

Você pode ter ouvido falar de cirurgia robótica, mas até o momento a tecnologia não é de fato virtual porque na maioria dos casos o médico que controla o instrumento normalmente se senta ao lado ou, na melhor das hipóteses, na sala ao lado. A Deutsche Telekom está convencida de que quando as super-rápidas redes móveis 5G estiverem comercialmente disponíveis, a latência reduzida permitirá que os melhores médicos operem pacientes que estão do outro lado do mundo.

E há muitas outras possibilidades de uso, disse o CEO Tim Hoettges. "Pense no arquiteto, pense na loja, pense na moda", disse ele. "Tudo pode ser virtualizado".