Exploradoras de petróleo dos EUA preveem corte de produção
(Bloomberg) -- As exploradoras de petróleo dos EUA estão finalmente começando a ceder.
Por mais de um ano, as produtoras de petróleo norte- americanas conseguiram continuar bombeando apesar da queda mundial nos preços do petróleo. Como o Coiote do desenho animado, as empresas de perfuração dos EUA correram até o penhasco e de alguma forma continuaram avançando no ar, mantendo os volumes mesmo com a queda da receita.
As últimas projeções das empresas de perfuração, divulgadas nos relatórios de lucros dos últimos dias, sugerem que finalmente a gravidade está sendo sentida.
A Apache estima que a produção de petróleo e gás natural cairá até 11 por cento em 2016, disse a empresa na quinta-feira, um dia depois de a Continental Resources projetar um corte de 10 por cento e a Whiting Petroleum, uma redução de 15 por cento. No início do mês, a Devon Energy previu um declínio de 10 por cento. A EOG Resources prevê queda de cinco por cento.
Com os preços do petróleo próximos ao nível mais baixo em 12 anos, as empresas de perfuração estão achando que é melhor manter seus barris no solo, seguindo o conselho dado nesta semana pelo ministro do petróleo saudita, Ali al-Naimi. Em comentários realizados na conferência de energia IHS CERAWeek, em Houston, Naimi disse às produtoras dos EUA que suas únicas alternativas eram "reduzir custos, tomar dinheiro emprestado ou liquidar" para sobreviver à crise.
O West Texas Intermediate, petróleo de referência dos EUA, subia 1,2 por cento, para US$ 33,46 às 12h11, horário de Nova York, nesta quinta-feira.
"Esta é a bifurcação na estrada", disse Subash Chandra, analista da Guggenheim Securities em Nova York, em entrevista por telefone. "Nós sabemos em que direção vamos -- para baixo -- em termos de volumes. A única pergunta é a que velocidade vamos percorrer esse caminho".
Resistência do xisto
A surpreendente resiliência das produtoras dos EUA foi um dos principais fatores para a queda de 70 por cento nos preços do petróleo nos últimos dois anos. As operadoras cortaram custos e extraíram mais petróleo de uma quantidade menor de poços para adiar o acerto de contas. A Arábia Saudita, maior produtora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, descartou um corte na produção do país, segundo Naimi, deixando para o xisto dos EUA a tarefa de equilibrar o mercado.
Apesar de as vendas de novas ações e o lucro dos contratos de hedge que fixaram temporariamente os preços em um patamar mais elevado terem ajudado a manter a indústria do xisto funcionando em 2015, chegou a hora da verdade, disse Scott Sheffield, presidente da Pioneer Natural Resources, na conferência. O setor está "se curvando cada vez mais", disse ele.
A produção da região de xisto de Eagle Ford, no Texas, EUA, provavelmente cairá para 1 milhão de barris por dia, disse Sheffield. Trata-se de um declínio de 9 por cento em relação ao 1,1 milhão de barris por dia produzidos em 2015, segundo dados da Comissão Ferroviária do Texas.
A Pioneer é uma das poucas exceções: a empresa projeta que seus volumes aumentarão 10 por cento neste ano. Outras empresas estão recuando e cortando despesas em uma tentativa de acumular caixa e garantir o cumprimento dos pagamentos de dívidas.
Preservando caixa
"Decidimos desacelerar e manter nosso dinheiro na mão", disse Tom Jorden, da Cimarex Energy, a analistas em uma teleconferência no dia 17 de fevereiro. "O crescimento da produção terá que ficar em segundo plano e dar lugar à flexibilidade e à preservação do balanço". A Cimarex projetou um declínio de mais de 5 por cento na produção de 2016.
A Anadarko Petroleum estima que sua produção cairá até 4 por cento. Com o barril de petróleo a US$ 30 "simplesmente não estamos recebendo os retornos que gostaríamos de receber", disse o vice-presidente-executivo da empresa, Robert Daniels, em conferência do Credit Suisse na quarta-feira.
Tudo isso ainda é insuficiente para dissipar o excesso de petróleo que deverá durar boa parte de 2017, disse Chandra, da Guggenheim. Outras produtoras dos EUA disseram que planejam manter volumes estáveis e muitas "esperam que os mais fracos do setor absorvam todos os declínios", disse ele.
"As mudanças que precisam ocorrer em todo o setor para lidar com o que vemos chegar serão drásticas", disse ele.
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