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Wall Street tem péssimo trimestre e Goldman também sucumbiria

Dakin Campbell e Nabila Ahmed

17/03/2016 17h49

(Bloomberg) -- Enquanto os líderes de Wall Street advertem publicamente sobre a queda das receitas com negociação de ativos financeiros e operações de investment banking neste trimestre, o Goldman Sachs, banco mais dependente dessas atividades, não realizou nenhum prognóstico a respeito. O mistério não é se o banco também foi atingido, mas sim o quanto.

A projeção é que os ganhos do Goldman Sachs com investment banking -- assessoria a aquisições e subscrição de ativos financeiros -- caiam 32 por cento neste trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, escreveram analistas do Credit Suisse em relatório na terça-feira. Internamente, alguns executivos seniores estão antecipando uma queda de aproximadamente 25 por cento, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto, embora a estimativa possa não ser formal. A receita da divisão de trading (ou negociação de ativos), que tem maior porte, provavelmente diminuirá 17 por cento, disseram os analistas do Credit Suisse.

Instituições como JPMorgan e Citigroup têm alertado que a turbulência dos mercados está prejudicando seus lucros em um momento em que as oscilações das ações, a queda dos preços das commodities e as taxas de juros baixas levam as empresas a adiarem ofertas de ações e os clientes, a desistirem das negociações. O primeiro trimestre costuma ser o mais forte em Wall Street porque as corporações e os investidores ajustam estratégias no início do ano.

O Goldman Sachs normalmente não fornece nenhum prognóstico na metade do trimestre.

"Precisamos escolher um caminho a partir do que outras instituições têm dito e do que temos conseguido observar no mercado", disse Guy Moszkowski, analista da Autonomous Research, em entrevista. "O ambiente do mercado é o que é, e não é bom".

Michael DuVally, porta-voz do Goldman Sachs, preferiu não comentar. As ações do banco, liderado pelo CEO Lloyd Blankfein, acumulam baixa de 16 por cento neste ano. É verdade que a instituição frequentemente supera as previsões de receita dos analistas - foi o que ocorreu em 14 dos últimos 16 trimestres.

As estimativas para o setor de investment banking variam. Matt Burnell, do Wells Fargo & Co., disse aos clientes em 9 de março que a receita do Goldman Sachs com essas operações poderá cair 16 por cento, para US$ 1,6 bilhão. Esses cenários ainda contrastam com o início do ano passado, quando o banco registrou o melhor desempenho trimestral desde 2007, gerando receita de US$ 1,91 bilhão.

No caso da negociação de ativos, Burnell projetou recuo de 21 por cento, enquanto os analistas do UBS Group disseram que a queda provavelmente será de 17 por cento.

'Verdadeiro desafio'

Os rivais de Wall Street têm sido francos sobre as dificuldades deste trimestre. O diretor financeiro do Morgan Stanley, Jonathan Pruzan, disse a investidores na terça-feira que a volatilidade do mercado tornou difícil para as empresas a venda de instrumentos financeiros ou a consumação de acordos. Embora ainda conte com uma saudável série de aberturas de capital e outras transações, essas operações continuam sendo adiadas. E os clientes, inquietos, não estão negociando muito, disse ele.

"Claramente o ambiente externo tem sido um verdadeiro desafio", disse ele. A instituição, antes mais parecida ao Goldman Sachs, vem expandindo sua corretora de varejo nos últimos anos para proteger as receitas das oscilações do mercado e em dezembro eliminou um quarto de sua equipe de renda fixa.

Na semana passada, o Citigroup previu uma queda de 25 por cento na receita com investment banking e um declínio de 15 por cento com trading. A divisão de investment banking do JPMorgan disse em fevereiro que a desaceleração da subscrição de dívidas e ações poderá contribuir para uma queda de 25 por cento nas comissões. As receitas com vendas e trading já estavam em baixa de aproximadamente 20 por cento, segundo o banco.

A fraqueza da negociação de ativos provocou prejuízo para o Jefferies Group no período de três meses até 29 de fevereiro. Foi a primeira vez em que isso aconteceu no primeiro trimestre fiscal da instituição desde 2008. A receita gerada com a formação de mercado para ações e bonds desabou 82 por cento.