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Phosagro vê mercado de fosfato pronto para recuperação no Brasil

Yuliya Fedorinova e Andrey Lemeshko

23/03/2016 17h00

(Bloomberg) -- Phosagro, terceira maior fabricante de fertilizantes de fosfato do mundo, vê o mercado superando um começo de ano "assustador" quando os agricultores brasileiros costumam usar os lucros para comprar mais nutrientes para o solo.

Os preços médios de fosfato diamônico, uma referência, provavelmente vão subir de US$ 360 para US$ 380 a tonelada, em Tampa, Flórida, de acordo com o CEO da empresa Andrey Guryev. James O'Rourke, CEO da rival Mosaic, disse no início deste mês que a demanda por fosfato vai atingir um recorde este ano.

Os preços globais de fertilizantes fosfatados atingiu a maior baixa de dois anos em janeiro e fevereiro, depois que a China inundou o mercado após a remoção de um imposto de exportação e os agricultores diminuindo a compra de nutrientes. Os preços em algumas regiões subiram quando o país asiático e outras empresas diminuíram produções não lucrativas. A demanda do Brasil, entre os cinco maiores usuários, pode subir 34 por cento este ano, pois um real fraco ajudou a reduzir os custos dos agricultores e aumentar seus lucros, disse Guryev.

"A situação no início do ano parecia assustadora", com a turbulência nos mercados chineses também contribuindo para a queda dos preços, disse Guryev em uma entrevista em Moscou. "Todas as coisas ruins que poderiam ter acontecido, aconteceram no ano passado, então os preços devem se recuperar".

Mercado Brasil

A Phosagro controla cerca de 20 por cento do mercado brasileiro de fertilizantes fosfatados monoamônio importados. Os chamados MAP e DAP estão entre os mais populares tipos de nutrientes. A empresa com sede em Moscou compete com empresas como a Mosaic da América do Norte e Potash de Saskatchewan.

A previsão da Phosagro "seria um nível muito bom para o mercado", afirmou por telefone Elena Sakhnova, analista da VTB Capital. "No ano passado a Phosagro teve uma visão precisa do mercado, prevendo um grande aumento na demanda indiana".

Os agricultores brasileiros podem importar até 6,7 milhões de toneladas de fertilizantes fosfatados este ano, contra 5 milhões em 2015, quando a crise econômica do país cortou a demanda, disse Guryev. Os agricultores também estão se beneficiando de preços mais baixos de energia que diminuíram os custos de entrada, enquanto os preços das safras permanecem estáveis e os problemas de crédito no Brasil foram flexibilizados, afirmou. O preço no Brasil se recuperou para US$ 365 por tonelada, disse Guryev. Tinha caído para US$ 340 em janeiro.

A Argentina, que cortou compras para cerca de 600.000 toneladas no ano passado, também está aumentando a demanda novamente e já comprou 300.000 toneladas no primeiro trimestre, disse ele. Enquanto o uso europeu pode ter mudado pouco, o consumo na Ásia deve continuar forte, prevê a Phosagro. A Índia aumentou as importações de nutrientes de fosfato em cerca de 50 por cento, chegando a 6 milhões de toneladas no ano passado e pode comprar uma quantidade similar em 2016, disse Guryev.

Corte de produção

Os preços também devem ser apoiados com a saída do mercado de produtores não rentáveis na China e na Europa, disse ele. Em contraste, a Phosagro, cujos custos de cerca de US$ 128 a tonelada são a metade da média da indústria, planeja aumentar a oferta em cerca de 5 por cento este ano, disse Guryev.

O rublo mais fraco tem ajudado a reduzir os custos da Phosagro, enquanto a tecnologia tem permitido processar o fosfato do minério que sobra da produção anterior, reduzindo a necessidade de mineração. Ela possui 30 milhões de toneladas de minério, o suficiente para sete anos de tratamento, disse o CEO.

Nem toda a produção adicional será enviada ao exterior, pois a demanda está crescendo entre os agricultores russos que se beneficiaram com a queda do rublo, disse Guryev. A empresa concordou em limitar os aumentos de preços para os agricultores locais a 5 por cento até o final da época de semeadura em relação aos níveis de janeiro, disse ele.

A empresa disse na quarta-feira que seu lucro antes dos juros, depreciação e amortização mais que duplicou em 2015 subindo para 82,5 bilhões de rublos (US$ 1,2 bilhão). A receita aumentou 54 por cento.

Título em inglês: Phosagro Sees Phosphate Market Ready for Recovery on Brazil (2)

Para entrar em contato com os repórteres: Yuliya Fedorinova em Moscou, yfedorinova@bloomberg.net; Andrey Lemeshko em Moscou, alemeshko@bloomberg.net Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto, tmarotto1@bloomberg.net Patricia Xavier