Ex-alunos da NYU buscam US$ 11 bi em ouro em mina na África
(Bloomberg) -- Em Blyvooruitzicht, uma mina de ouro de 77 anos a sudoeste de Johannesburgo, quase tudo foi roubado, exceto o minério aurífero, no saque realizado após o encerramento das operações, em 2013.
Agora, os ex-alunos da Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês) Bastiat Viljoen, 31, e seu irmão Dane, que foi estagiário do Goldman Sachs, querem recuperar a mina problemática, que segundo eles pode conter 9 milhões de onças de ouro, quantidade avaliada em quase US$ 11 bilhões pelos preços atuais. Eles estão sendo financiados, em parte, pelo empreendedor sul-africano do setor de mineração Peter Skeat
Com esses históricos, os irmãos Viljoen e seus sócios olhariam mais para dentro de seu país, para o Vale do Silício, do que para o cinturão enferrujado de minas de ouro antigas da África do Sul, entre as mais profundas e perigosas do mundo.
O desafio da Blyvooruitzicht, que significa "perspectiva feliz" em africâner, é formidável: reconstruir a mina e conquistar a inquieta comunidade local, que descreveu a área como uma zona de guerra quando invadida por ladrões e mineradores ilegais após entrar em liquidação em 2013, reportou o jornal Sunday Times, de Johannesburgo, em 2014.
"Estamos tentando trazer uma mentalidade startup para um setor que existe há milhares de anos", disse Dane Viljoen, 28, em entrevista no escritório-sede da mina, sob lâmpadas quebradas e rodeado por mapas da mina dos anos 1950. "Fomos presenteados por esse botão de reinicialização. É uma enorme oportunidade".
Planta de processamento
Embora os sócios tenham grandes ambições, eles planejam começar aos poucos. Eles querem reconstruir a planta de processamento de Blyvooruitzicht e iniciar o processo de mineração com um único depósito de rejeitos em 2017.
Os rejeitos de décadas de mineração são depositados em montes gigantescos que ainda contêm uma pequena quantidade de ouro e agora podem ser avaliados com uma tecnologia melhor.
O depósito que será explorado contém cerca de 400 mil onças de ouro com um grau de 0,33 grama (0,01 onça) por tonelada, teor similar ao daquele que está sendo explorado pela DRDGold, outra empresa que processa esses depósitos, mas em maior escala.
Manter a mineração em andamento custará 150 milhões de rands (US$ 10 milhões) a 200 milhões de rands, segundo Richard Floyd, sócio comercial dos irmãos Viljoen.
Parte do investimento na Randlord Consolidated Mines (Pty) vem de Peter Skeat, que ajudou a criar a mineração de ouro moderna em superfície na África do Sul e administrou empresas como Afrikander Lease, Mintails e Galaxy Gold Mining.
Os 6.000 moradores das proximidades da mina, um legado do auge da operação, com uma cidade, clínicas e um campo de golfe, esperam que a Randlord esteja certa. Quando a operação foi para liquidação em 2013, 1.700 trabalhadores perderam seus empregos e a mina caiu em ruína, com a área do entorno assolada por crimes.
"Tínhamos assassinatos, tínhamos estupros em massa, era uma verdadeira bagunça", disse Pule Molefe, 37, um ex-mineiro que vive na cidade, também chamada Blyvooruitzicht. "A prefeitura veio e cortou nosso abastecimento de água. Eles queriam cortar a eletricidade também".
Mineração subterrânea
Pelos preços atuais do ouro, que ficaram em média em 600.000 rands por quilo no primeiro trimestre, a Randlord estima que poderá conseguir margens de lucro de cerca de 40 por cento.
O dinheiro gerado será usado para reabrir a mina subterrânea de Blyvooruitzicht, que fica a cerca de 3 quilômetros de profundidade e contém 9 milhões de onças em reservas de ouro, um número que poderia subir para 40 milhões com mais exploração, segundo Karel Potgieter, um dos sócios dos irmãos.
"Não fizemos o investimento na mina apenas para pensar no que iremos fazer a seguir", disse Potgieter, 33. "Nossas intenções são, com certeza, ir para as profundezas". O ouro caía 0,9 por cento, para US$ 1.220,33 a onça, às 14h31 em Johannesburgo nesta quarta-feira.
Um dos principais motivos pelos quais operadoras anteriores como DRDGold e Village Main Reef não puderam tornar Blyvooruitzicht rentável foi porque elas tinham que bombear água das áreas esgotadas para chegar ao ouro.
Depois que a operação foi para liquidação, a AngloGold Ashanti, maior empresa do setor do ouro com sede em Johannesburgo, assumiu os custos de bombeamento para salvar suas minas próximas da inundação.
Mariette Liefferink, que administra a organização não-governamental Federação para um Ambiente Sustentável, diz que a Randlord poderá ter dificuldades se não reinvestir os lucros na comunidade local e consertar o dano ambiental que a mina causou no passado.
"Esperamos que eles façam o que dizem que farão", disse Molefe. "Mas queremos ver ação e empregos. Muitas pessoas vieram até nós com grandes promessas, mas fomos decepcionados muitas vezes".
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