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Argentina revisa medida de PIB e inflação, e assusta investidor

Carolina Millan

07/04/2016 13h07

(Bloomberg) -- O presidente argentino Mauricio Macri tornou-se queridinho dos mercados ao desfazer muitas das políticas intervencionistas de sua predecessora.

Mas agora, alguns analistas se perguntam se ele não estará seguindo alguma página do manual de Cristina Kirchner.

Na semana passada, o governo anunciou que irá mudar a forma de medir indicadores econômicos, desencadeando temores de que detentores de garantias vinculadas ao crescimento da Argentina vão receber menos. O governo também informou que vai usar um índice de preços ao consumidor distinto, que mostra menos inflação, para definir os pagamentos dos títulos atrelados à inflação.

As revisões provocaram uma onda de vendas nas chamadas garantias vinculadas ao PIB, enquanto uma sensação de déjà vu se abateu sobre investidores que tinham recuperado a confiança na Argentina após a eleição de Macri em novembro. Durante o governo de Cristina, a credibilidade dos dados econômicos foi questionada repetidamente. Muitos investidores e analistas estavam convencidos de que as autoridades manipulavam os dados para reduzir os pagamentos aos detentores de títulos. O Fundo Monetário Internacional até tomou a medida sem precedentes de censurar a Argentina por estatísticas incorretas em 2013.

"Tenho certeza de que o governo tem suas justificativas, mas os estrangeiros frequentemente enxergam as coisas em branco e preto, e a realidade é que a lembrança do que aconteceu nos anos dos governos Kirchner ainda está bem viva", afirmou Javier Kulesz, diretor executivo do Jefferies Group, durante a Cúpula Bloomberg Argentina em 5 de abril. "Essa novidade deixou um gosto amargo na boca de alguns investidores."

Procurado pela reportagem, o Ministério das Finanças da Argentina afirmou que as perguntas sobre dados econômicos deveriam ser feitas à agência de estatísticas, que se recusou a comentar comparações com o governo anterior. Os indicadores econômicos estão sendo reformulados após anos de acusações de distorções. A revisão do PIB se encaixa nesse contexto, afirmou um representante da agência de estatísticas que pediu para não ter o nome revelado, em obediência à política interna do órgão.

As garantias sofreram queda de 5,1 por cento desde 30 de março, quando o governo informou que revisaria os dados de crescimento entre 2004 e 2015 e usaria um ano-base diferente para calcular a expansão. A decisão provocou confusão em relação ao valor desses instrumentos financeiros, de acordo com o Barclays. Os papéis haviam disparado 44 por cento entre o fim de setembro e fevereiro, embalados por expectativas de que a economia cresceria mais sob o comando de Macri, que assumiu o cargo em dezembro, prometendo aumentar a transparência e atrair investimento estrangeiro.

O pagamento é acionado quando a economia cresce mais de 3 por cento.

"Os cupons são extremamente sensíveis", disse Siobhan Morden, estrategista-chefe de renda fixa na América Latina da Nomura Holdings. "Existe risco de haver pouco ou nada de PIB excedente e os investidores não teriam direito a receber cupom."'