Farmacêutica Alkermes retoma mercado na luta contra abuso ópio
(Bloomberg) -- Um remédio com uma década de idade, que já foi visto como um fracasso comercial está recebendo uma segunda chance quando a luta contra a epidemia de abuso de opióide se torna necessidade de tratamento médico nos EUA.
Vivitrol da Alkermes, uma injeção de US$ 1.300 por mês, que ajuda a diminuir a vontade de tomar analgésicos e heroína, está pronta para receber um impulso de vendas após a recente apoio do presidente Barack Obama para dar a milhões de norte-americanos um melhor acesso aos medicamentos contra dependência através da expansão da cobertura Medicaid e financiamento extra do orçamento.
Localmente, a Alkermes está recebendo apoio de governadores, chefes de polícia e juízes que ajudaram a iniciar mais de 100 programas que oferecem Vivitrol com aconselhamento em 30 estados. Os maiores defensores da injeção incluem o juiz de Kentucky, David Tapp, que ouviu falar pela primeira vez do tratamento em 2014 e desde então tem convencido outros funcionários. Ao contrário dos tratamentos de dependência como a metadona, Vivitrol não é um narcótico em si, o que significa que não pode ser abusado.
"Ninguém rouba Vivitrol. Ninguém trafica a menos que queiram ficar sóbrios", disse Tapp, que atua em municípios devastados pela droga no centro-sul de Kentucky. "De tudo o que eu vi, isso funciona".
Há alguma ironia no fato de que as empresas farmacêuticas como Alkermes e Indivior, fabricantes do tratamento de dependência Suboxone, se beneficiarem de um esforço nacional para reduzir o abuso de prescrição de remédios. Durante anos, as farmacêuticas enfrentaram resistência, com muitos programas de reabilitação com foco apenas em tratamentos de abstinência. Como a crise atingiu níveis epidêmicos com dezenas de milhares de norte-americanos morrendo a cada ano, o presidente entrou em cena, e seu pedido de US$ 1,1 bilhão em financiamento ao Congresso em fevereiro vai quase inteiramente para tratamentos assistidos.
Volta do Vivitrol
O crescimento das vendas do Vivitrol, dez anos após sua introdução é incomum na indústria farmacêutica. Nos anos seguintes à sua aprovação em 2006 pela Food and Drug Administration contra o alcoolismo, alguns viram como um fracasso. "Vivitrol foi um fracasso comercial que, após 10 trimestres no mercado ainda não cobriu seus custos", disseram analistas da Natixis Bleichroeder em uma nota de 2008.
Desde então, a FDA aprovou o Vivitrol para abuso de opóide, bem quando a epidemia foi se intensificando e mais programas financiados pelos estados e o governo ajudaram a cobertura de tratamentos. A receita do Vivitrol aumentou 53 por cento no ano passado, para US$ 144,4 milhões, com a duplicação das vendas para o Medicaid, sendo quase 30 por cento do total. Os analistas antecipam que as vendas vão subir 31 por cento para US$ 189 milhões este ano, representando mais de um quarto da receita da Alkermes - com alguma ajuda da atenção e financiamento de Washington.
Quedas de ações
A Alkermes vai precisar de mais do que seu Vivitrol com uma década de idade para sustentar o crescimento de vendas. As ações da farmacêutica caíram 44 por cento em um único dia em janeiro, depois que a empresa com sede em Dublin, disse que sua droga para a depressão, o produto mais avançado em desenvolvimento, falhou em dois testes no estágio final. Seu valor de mercado, agora em cerca de US$ 5,7 bilhões, é menos da metade do que era no final de dezembro.
Projetar drogas para viciados tem desafios espinhosos: como evitar que os viciados fiquem viciados no tratamento para a dependência, e como impedi-los de vender para outros viciados? O mecanismo de distribuição pode ser tão importante quanto o componente ativo. A Indivior, que foi desmembrada da Reckett Benckiser em 2014 e se concentra em tratamentos de dependência, está desenvolvendo uma injeção mensal de buprenorfina. Enquanto isso a Titan Pharmaceuticals e sua parceira Braeburn Pharmaceuticals estão trabalhando em um implante de buprenorfina, que foi recomendado para aprovação por um painel da FDA em janeiro.
O juiz Tapp em Kentucky disse que não hesitaria em mudar para um produto concorrente se surgisse um tratamento melhor do que Vivitrol.
"Isso é a América", disse ele. "A concorrência é boa."
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