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Maiores produtores de minério veem alta do preço até 2021

Jasmine Ng

08/04/2016 16h44

(Bloomberg) -- O maior exportador de minério de ferro do mundo é otimista em relação aos preços para os próximos cinco anos apesar de o maior fabricante mundial de aço estar produzindo menos aço.

A média de preços do minério de ferro será de US$ 45 por tonelada em 2016, disse o Departamento de Indústria, Inovação e Ciência da Austrália em uma perspectiva trimestral publicada nesta sexta-feira, com o qual elevou sua perspectiva dos US$ 41,30 projetados em dezembro. À medida que companhias mineradoras com custos altos fecharem, os produtores australianos aumentarão os embarques e os preços subirão para US$ 56 no ano que vem, US$ 61,40 em 2018 e US$ 64,70 em 2021, estimou o departamento.

A commodity conseguiu uma recuperação inesperada em 2016 porque as autoridades econômicas da China insinuaram estarem prontas para apoiar o crescimento no maior usuário do mundo. Embora o avanço não tenha convencido muitos céticos e bancos como o Goldman Sachs Group reiterem previsões pessimistas, a Austrália projeta que seus gigantescos produtores de baixo custo, além da brasileira Vale, ficarão com uma maior proporção do comércio global e que os preços subirão.

"As maiores exportações são resultado de fechamentos constantes no setor doméstico chinês", disse Daniel Hynes, estrategista sênior de commodities do Australia & New Zealand Banking Group em Sidney. "Esta é uma avaliação justa do mercado no médio para longo prazo", disse ele ao mencionar a perspectiva de preços.

Previsões

As previsões do departamento fazem referência ao minério à vista free on board com 62 por cento de conteúdo da Austrália. A matéria-prima enviada para Qingdao, China, que subiu 23 por cento nos primeiros três meses, estava a US$ 54,03 por tonelada nesta sexta-feira, segundo a Metal Bulletin. Os futuros na Ásia caíram nesta sexta-feira, com um recuo de 1 por cento no contrato SGX AsiaClear, para US$ 49,09 às 15h02 em Cingapura.

Como a China está desacelerando e os responsáveis pela política econômica reorientam a economia dos investimentos para o consumo, tanto a produção quanto a demanda por aço estão diminuindo no país que responde por cerca de metade da oferta global. A produção de aço na China cairá de 806 milhões de toneladas em 2015 para 781 milhões neste ano, anunciou o relatório. Para 2021, a produção da China teria caído para 706 milhões de toneladas, disse ele.

Os embarques de minério de ferro da Austrália provavelmente aumentem para 846 milhões de toneladas neste ano e para 881 milhões de toneladas em 2017 porque Roy Hill, o empreendimento da bilionária Gina Rinehart, está aumentando as operações, segundo o departamento. No médio prazo, as exportações poderiam receber apoio de uma expansão da produção do maior produtor do país, a Rio Tinto Group, disse o departamento. Para 2021, os embarques poderiam chegar a 926 milhões de toneladas, disse a instituição.

O projeto de Roy Hill, na região rica em minério de Pilbara, Austrália Ocidental, visa atingir uma produção de 55 milhões de toneladas por ano. O empreendimento começou a exportar em dezembro e no mês passado enviou a primeira carga destinada à China.

Nova capacidade

"Projeta-se que nova capacidade de baixo custo seja licenciada durante o período de projeção, fato que segundo se antecipa substituirá mais produtores com custos mais altos" disse o departamento. "O crescimento da oferta da Austrália no curto prazo é atribuível em grande parte ao aumento antecipado na produção de Roy Hill".

A Austrália e o Brasil, os dois maiores fornecedores, responderão por cerca de 90 por cento do comércio global para 2021, frente a 77 por cento no ano passado, disse o departamento. Apesar da queda na demanda por aço, as importações da China poderiam ultrapassar 1 bilhão de toneladas neste ano e se manter cerca desse patamar durante os próximos cinco anos, segundo o relatório. O país provavelmente adquirirá 98 por cento de suas necessidades de minério de ferro no mercado marítimo para 2021, frente a 83 por cento em 2015.