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Arábia Saudita pode produzir mais petróleo se Irã fizer o mesmo

Grant Smith

19/04/2016 15h19

(Bloomberg) -- Depois que seus comentários frustraram as negociações de fornecimento em Doha, os traders de petróleo estão pesando outra advertência implícita do príncipe da Arábia: a ameaça da intensificação do confronto com o Irã por participação no mercado.

Foram as repetidas afirmações de Mohammed Bin Salman de que o reino não iria aderir a um congelamento de produção sem o Irã que terminaram com as conversações entre 16 países produtores em 17 de abril. Em entrevista à Bloomberg News, o príncipe advertiu que, se outros produtores aumentarem a produção, a Arábia Saudita poderia responder da mesma forma. O Irã está restaurando as exportações depois que as sanções internacionais sobre seu programa nuclear foram levantadas em janeiro.

"Foi uma indicação para os iranianos que se vocês não se juntarem à mesa, temos força suficiente para aumentar a produção", afirmou Abhishek Deshpande, analista da Natixis em Londres, em entrevista à TV Bloomberg na segunda-feira. "Pode-se questionar quanto mais eles podem aumentar, mas há chances de que, agora que não há congelamento, os sauditas vão produzir mais, como estavam planejando".

Os preços do petróleo caíram na segunda-feira depois que a Arábia Saudita decidiu que um congelamento no fornecimento de petróleo só seria possível com o apoio de todos os membros da Opep, incluindo o Irã, terminando com as negociações na capital do Catar. As tensões entre os dois antagonistas regionais se aprofundaram pois se encontram em lados opostos nos conflitos sangrentos no Iêmen e na Síria.

Em uma entrevista publicada em 1º de abril, o príncipe Mohammed disse que enquanto a Arábia Saudita estava pronta para colocar um teto na produção em conjunto com outros países, "se alguém decidir aumentar sua produção, então não vamos rejeitar nenhuma oportunidade batendo em nossa porta".

O maior exportador mundial de petróleo poderia aumentar a produção em mais de 1 milhão de barris por dia, ou cerca de 10 por cento, para 11,5 milhões se houver demanda para isso, disse o príncipe, presidente do Conselho Supremo da Saudi Arabian Oil, em 14 de abril. Poderia aumentar ainda mais para 12,5 milhões em seis a nove meses, acrescentou. O país bombeou 10,2 milhões por dia no mês passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Produção iraniana

O Irã planeja aumentar a produção para 4 milhões de barris por dia no ano iraniano até março de 2017, afirmou o ministro do Petróleo Bijan Namdar Zanganeh em 6 de abril. Isso seria um aumento de cerca de 800.000 barris por dia da produção de março. Os embarques de petróleo bruto subiram mais de 600.000 barris por dia este mês, de acordo com dados de exportação compilados pela Bloomberg.

O colapso do petróleo para o preço mais baixo em 12 anos em meio a uma escassez mundial levou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo perto de seu primeiro acordo com a Rússia em 15 anos. A queda causou tensão nos orçamentos dos membros da Opep e empurrou a Rússia para um segundo ano de recessão. Tendo atingido um pré-acordo em 16 de fevereiro, os produtores tentaram completar o pacto no fim de semana passado.

Risco de queda

"O risco de uma queda potencial vem de fontes de abastecimento que podem entrar no mercado", disse Morse, em uma entrevista.

A decisão da Arábia Saudita de abandonar o congelamento proposto está em sintonia com a estratégia de longo prazo do reino para equilibrar os mercados com excesso de oferta, pressionando rivais com preços mais baixos, de acordo com o Commerzbank. Futuros do petróleo Brent caíram até 7 por cento na segunda-feira antes de se estabelecerem em US$ 42,91 o barril. A referência global recuperou 2,3 por cento até às 13h27, horário de Nova York na terça-feira.

"A recusa da Arábia Saudita de assinar o acordo só prova que não se importariam se os preços se mantivessem mais baixos por mais tempo", afirmou Eugen Weinberg, chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank em Frankfurt, por e-mail. "Eu nem ficaria surpreso se aumentassem ainda mais a produção como uma 'vingança' à reação do Irã. Eles podem aguentar os preços baixos do petróleo mais do que a maioria dos outros produtores".