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Melhor mercado de títulos desde 2009 supera até rendimentos negativos

Susanne Walker Barton e Liz Capo McCormick

02/05/2016 11h23

(Bloomberg) -- Em um mundo inundado de dívida é difícil imaginar que talvez não haja para todos.

Contudo, isso é exatamente o que o JPMorgan Chase & Co. diz que está acontecendo. O maior subscritor de títulos do mundo prevê rendimentos globais em valores mínimos recordes no futuro, com base em projeções de US$ 1,86 trilhão de emissão líquida mundial neste ano frente a US$ 1,74 trilhão de aquisições líquidas estimadas.

Embora isso sugira que a oferta superará a demanda pelo quinto ano consecutivo, o fundamental para o banco é que essa brecha - a quantidade de emissão excedente - sofrerá a maior diminuição desde 2009.

O contexto favorável é resultado da redução dos empréstimos tomados por governos devido a medidas de austeridade e do aumento das compras de títulos pelos bancos centrais, que consumiram mais de US$ 12 trilhões em ativos desde a crise financeira para apoiar o crescimento econômico e evitar uma deflação.

O resultado diminuiria a preocupação de que a tentativa do Federal Reserve (Fed) de elevar as taxas de juros impulsione os rendimentos sufoque o crescimento econômico.

O desempenho dos ativos de renda fixa no mundo em 2016 apoia o ponto de vista do JPMorgan.

Como os investidores estão procurando um refúgio contra a volatilidade em ações, commodities e na China, eles não tiveram muita dificuldade para absorver toda a dívida extra: globalmente, os títulos retornaram 3,3% em 2016 até o dia 29 de abril, o começo de ano mais forte em dados do Bank of America Merrill Lynch de 1997 para cá.

Preocupação

A resiliência da demanda é vital porque o crescimento explosivo do mercado global de dívida - de US$ 70 trilhões em 2007 para cerca de US$ 100 trilhões - está gerando a preocupação de que esse mercado seja uma bolha prestes a estourar.

Gestores de recursos preocupados com a perspectiva econômica e em busca de qualquer retorno incremental estão prestando pouca atenção aos negativistas, colocando dinheiro em ativos com vencimentos mais distantes e arriscados e levando os rendimentos para menos da metade dos níveis que tinham há uma década.

Cerca de US$ 8 trilhões de dívida no mundo inteiro têm rendimentos negativos, o que significa que os investidores que compram os títulos hoje e os retêm até o vencimento poderiam perder dinheiro.

Em sua análise, o JPMorgan calcula os empréstimos globais de empresas e governos dos mercados desenvolvidos.

O banco compara o número com as previsões de possíveis aquisições - e vendas - de fontes como o G4 de bancos centrais e bancos comerciais, administradores de reservas, fundos soberanos de investimento, pensões e seguradoras. Os preços dos mercados se ajustam por qualquer desequilíbrio entre a oferta e a demanda.

Neste ano, a oferta poderia superar as aquisições estimadas em US$ 119 bilhões com base líquida, frente a US$ 566 bilhões no ano passado, de acordo com o JPMorgan. Seria a maior oscilação em favor da demanda desde 2009, em meio à pior crise financeira desde a Grande Depressão.

Para o JPMorgan, o contexto de oferta e demanda implica yields ainda mais baixos, já que os lances dos investidores fazem subir o preço de um conjunto cada vez menor de títulos disponíveis.

Os rendimentos médios do Barclays Global-Aggregate Index chegarão a cair 0,5 ponto porcentual neste ano, prevê o banco. O rendimento do índice já caiu de 1,77% no fim do ano passado, para 1,38%.

Oferta, demanda

Em relação à oferta, as vendas de títulos de governos estão diminuindo, como se vê no maior mercado de dívida do mundo. Como a economia dos EUA está se recuperando e o déficit fiscal se contraiu nos últimos quatro anos fiscais, as ofertas de dívida líquida do Departamento do Tesouro estão se reduzindo.

Quanto à demanda, as iniciativas de estímulo intensificadas pelo Banco Central Europeu estão contribuindo para a aquisição que está diminuindo os rendimentos.

O banco central disse em março que expandiria suas compras mensais de títulos de 60 bilhões para 80 bilhões de euros (US$ 92 bilhões) e tornou a dívida corporativa elegível para o programa.

"Agora que o Banco Central Europeu passará para o espaço corporativo há um novo comprador na cidade", disse Jens Vanbrabant, diretor de títulos com grau de investimento em Londres da ECM Asset Management, que administra cerca de US$ 9,5 bilhões. "Um grande comprador."