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Credores Gol contratam Houlihan e se opõem à proposta, dizem fontes

Cristiane Lucchesi

05/05/2016 15h19

(Bloomberg) -- Um grupo de credores internacionais da Gol Linhas Aéreas considera injusta a proposta de reestruturação de dívidas da empresa aérea brasileira e contratou o banco de investimento americano Houlihan Lokey para negociar com a empresa, segundo duas pessoas com conhecimento direto do assunto.

O grupo de investidores, que representa detentores de mais de 20 por cento dos títulos da dívida externa, considera que a proposta favorece credores domésticos, disseram as pessoas. Elas pediram anonimato porque as discussões são privadas.

Os credores representados pelo Houlihan Lokey dizem que a proposta de reestruturação protege os detentores de títulos locais Banco do Brasil e Bradesco, que não enfrentarão cortes no valor de face de sua dívida, e deixa a maior parte dos prejuízos para os donos das notas internacionais, disseram as pessoas. O grupo argumenta que a empresa aérea não deveria ter usado o preço de mercado de seus títulos como base para definir o corte no valor de face dos detentores de títulos, disseram as pessoas. Elas afirmaram ainda que os detentores de títulos perpétuos estão recebendo o pior tratamento.

A Gol preferiu não comentar. O diretor financeiro da empresa aérea, Edmar Lopes, disse a repórteres na terça-feira que a proposta era "uma boa oferta, considerando as condições de mercado. Essa é a oferta que cabe dentro do fluxo de caixa da companhia, olhando para o nosso balanço e como a gente pretende desalavancar a companhia para os próximos anos".

O Houlihan Lokey preferiu não comentar.

As ações da Gol chegaram a cair 15 por cento com a notícia.

Permuta de dívida

A empresa aérea com sede em São Paulo está oferecendo uma permuta de US$ 780 milhões em notas denominadas em dólares por novos títulos que vencem em mais de uma década. A Gol enfrenta dificuldades para recuperar suas finanças em meio à piora da recessão em seu mercado doméstico. O corte no valor de face para os titulares das notas internacionais, que têm até 1º de junho para aceitar a oferta, vai variar de 30 por cento a 70 por cento, disse Lopes.

As novas notas serão garantidas por todas as peças de reposição de aeronaves que pertencem à Gol e serão seniores sobre todas dívidas existentes e futuras sem garantia real, disse a empresa em um comunicado. Todos os novos títulos oferecem prêmios acima do valor de mercado atual das notas existentes, disse a empresa.

Os titulares das dívidas que aceitarem a permuta até o final do dia 17 de maio terão direito a um prêmio de participação. Embora a Gol busque a aceitação de 95 por cento do valor total de cada série de títulos, a operação poderá avançar com uma participação menor, disse Lopes.

A Gol, segunda maior empresa aérea do Brasil em participação de mercado, informou que está negociando com o Banco do Brasil e o Bradesco, titulares do montante de R$ 1,05 bilhão em debêntures, o perdão ao descumprimento de determinadas cláusulas financeiras por um ano e a prorrogação do vencimento de 90 por cento do valor de principal para 2018 ou mais adiante. A medida reduziria os pagamentos de dívidas em R$ 225 milhões até 2018, segundo o comunicado.

A D.F. King & Co. foi contratada como agente de informações e de permuta para a oferta. A PJT Partners está atuando como consultora financeira, e a Milbank, Tweed, Hadley & McCloy LLP como assessora jurídica da Gol.