China estuda restrições a fusão reversa de empresas, dizem fontes
(Bloomberg) -- A autoridade reguladora do mercado acionário da China considera medidas para conter o fluxo de empresas chinesas com papéis negociados no exterior que buscam listar suas ações na bolsa local por meio de aquisição de uma companhia já negociada no mercado, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários estuda possíveis restrições a fusões reversas, incluindo limitar os múltiplos de avaliação em acordos que envolvem empresas com papéis anteriormente negociados no exterior, disseram as fontes.
Outra opção é a introdução de uma cota para limitar o número de fusões reversas a cada ano de companhias antes listadas em bolsa estrangeira, acrescentaram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada.
As autoridades temem que os múltiplos aventados para algumas dessas listagens domésticas são altos demais e podem afetar a estabilidade do mercado acionário, disseram as fontes. Além disso, o governo quer evitar mais compras que possam deflagrar uma saída de recursos e intensificar a pressão para depreciação do yuan, afirmaram.
Desde o começo do ano passado, pelo menos 47 empresas chinesas com ações negociadas nos EUA receberam ofertas de aquisição com valor somado de US$ 42,6 bilhões, atraídas pela perspectiva de nova listagem a múltiplos mais elevados em Xangai ou Shenzhen, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.
Novas regulamentações podem afetar empresas como a fabricante de software Qihoo 360 Technology, que tem papéis negociados nos EUA e recebeu uma oferta de compra de US$ 9,3 bilhões que ainda está pendente após a assinatura do acordo definitivo em dezembro.
"O mercado de ações de classificação A ainda não se estabilizou e o governo teme que a volta de companhias com marcas mais fortes sugará muita liquidez de empresas menores", disse Ronald Wan, CEO da Partners Capital International em Hong Kong, por telefone na terça-feira. "Eles são muito cautelosos e sensíveis a tudo que afete a estabilidade do mercado no momento."
Gestão de fortunas
A autoridade reguladora informou na sexta-feira que está conduzindo "análise e pesquisa aprofundada" sobre o impacto de empresas chinesas que querem novamente ser listadas domesticamente após retirarem papéis de bolsas no exterior.
Especulações envolvendo as empresas usadas como veículos para listagem na bolsa local exigem atenção, afirmou o porta-voz da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários em Pequim, sem dar mais detalhes.
As ações de companhias chinesas caíram pelo terceiro dia seguido na bolsa de Nova York na segunda-feira. O índice acionário Bloomberg China-EUA recuou 3,6%, a maior queda em três meses, ampliando a perda acumulada neste ano para 13%.
Qualquer limite aos múltiplos em fusões reversas esfriaria as expectativas de investidores em relação a ganhos rápidos em cima de produtos de gestão de fortunas atrelados à volta de empresas ao mercado acionário doméstico, segundo uma pessoa com conhecimento da questão.
A Dalian Wanda Group, do bilionário Wang Jianlin, garante retorno anual de 12% a investidores domésticos abastados e dispostos a participar da compra de seu braço de propriedades comerciais listado em Hong Kong, no valor de US$ 29,9 bilhões.
Potenciais mudanças nas regras de listagem repetida de empresas nas bolsas chinesas fazem parte de uma discussão mais ampla entre as autoridades sobre como administrar todas as listagens na bolsa local por meio de aquisição de uma companhia já negociada no mercado, de acordo com as fontes.
A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários tem ouvido as opiniões de bancos de investimento e outros participantes do mercado sobre esses potenciais limites, disseram as pessoas.
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