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Dubai resiste à crise que atinge mundo árabe rico em petróleo

Alaa Shahine

10/05/2016 10h47

(Bloomberg) -- Dubai, o emirado que por pouco não entrou em calote durante a última recessão global, está resistindo à desaceleração econômica que atinge a maior parte de seus vizinhos do Golfo, ricos em petróleo.

A previsão é que a expansão econômica do hub financeiro e de transporte do Oriente Médio se reduza para 3,3% neste ano, mas os investimentos domésticos --impulsionados pelos preparativos para receber a feira internacional Expo 2020-- gerarão uma "rápida aceleração" para mais de 5% em 2020, disse Zeine Zeidane, chefe da missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) nos Emirados Árabes Unidos.

Isso contrasta com a perspectiva para os vizinhos de Dubai dependentes do petróleo, que reduziram os investimentos em resposta ao declínio dos preços do barril. Abu Dabi, o mais rico dos sete países dos Emirados Árabes Unidos, pode estar apertando os cintos muito rapidamente: o FMI estima uma desaceleração de seu crescimento econômico para 1,5% neste ano, contra 4,3% em 2015.

Dubai, onde está localizado o arranha-céu mais alto do mundo, tomou dezenas de bilhões de dólares emprestados para construir uma economia baseada no comércio, no transporte, no setor financeiro e na construção, atraindo bancos internacionais como o Goldman Sachs com o fascínio dos parques empresariais livres de impostos.

Após um período de crescimento descomunal, a casa ameaçou cair quando a crise financeira global provocou uma crise no mercado imobiliário e levou Dubai para a beira do calote. Desde então, as autoridades restringiram as regras e corrigiram as contas públicas do emirado.

Porto seguro

A "economia diversificada" de Dubai está ajudando o emirado a superar o impacto negativo dos preços mais baixos do petróleo sentido por outros exportadores da região, disse Zeidane em entrevista na segunda-feira.

A condição de porto seguro mantido pelo emirado em uma região "dominada pelo conflito", o dólar mais fraco e o forte desempenho de parceiros comerciais como a Índia também estão apoiando a economia, disse ele.

Os comentários do FMI surgem em meio a preocupações sobre o mercado imobiliário de Dubai. A expectativa é que os preços dos imóveis caiam 10% neste ano devido ao contágio dos preços mais baixos do petróleo, segundo a S&P Global Ratings.

A desaceleração das contratações e a expansão das empresas também estão exercendo pressão sobre o mercado, disse a agência de classificação em um relatório no mês passado.

Zeidane disse que o declínio foi uma "correção bem-vinda", acrescentando que os preços ainda estão mais elevados do que no fim de 2013. "Não vejo nada de preocupante em termos de estabilidade financeira e macroeconômica", disse ele.

O FMI estima que a economia dos Emirados Árabes Unidos crescerá 2,3% neste ano. O ritmo moderado se deve, em grande parte, à estimativa de desaceleração na capital Abu Dabi, que possui 6% das reservas internacionais de petróleo e o segundo maior fundo soberano de investimentos do mundo.