Investidores em títulos são pegos de surpresa com Fed
(Bloomberg) -- Bastaram alguns dias para que a preocupação com a taxa de juros dos EUA retornasse com tudo ao mercado de títulos.
Após descartarem a chance de alta de juros do Federal Reserve em junho, os traders mudaram de ideia na quarta-feira quando as atas da reunião mais recente do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) provocaram a alta dos yields. A maioria dos integrantes da cúpula do Fed disse na reunião de abril que a tomada de decisão em junho estaria garantida se os dados econômicos indicassem crescimento e inflação mais fortes.
Os yields de dois anos subiram ao maior nível desde março após a divulgação porque os traders elevaram o cálculo da probabilidade de aumento em junho para 32 por cento, contra apenas 4 por cento no início da semana.
"O que perturbou os mercados é que eles haviam descartado junho completamente no preço", disse Gregory Peters, executivo de investimentos sênior da unidade de renda fixa da Prudential Financial, que administra cerca de US$ 621 bilhões em Newark, Nova Jersey. "Por isso foi uma espécie de choque para o sistema".
Os yields das notas dos EUA com vencimento em 10 anos subiram dois pontos-base, ou 0,02 ponto percentual, para 1,88 por cento, às 6h20 em Nova York, segundo dados da Bloomberg Bond Trader. A nota com rendimento de 1,625 por cento e com vencimento em maio de 2026 caiu 6/32, ou US$ 1,88 por cada US$ 1.000 em valor de face, para 97 23/32. O yield subiu oito pontos-base na quarta-feira, maior aumento desde 1º de março.
Traders abalados
As atas abalaram os traders, que já haviam praticamente descartado um aumento em junho após a divulgação, em 6 de maio, do relatório de abril sobre o crescimento dos empregos com um resultado pior que o esperado. Após essas estatísticas, as expectativas dos traders para a volatilidade do mercado de títulos do Tesouro dos EUA atingiram o nível mais baixo desde dezembro de 2014, segundo o índice Merrill Option Volatility Estimate.
Os declínios nos títulos do Tesouro ocorreram mesmo após dois integrantes do Fed prepararem o mercado para uma visão hawkish. Os presidentes de Feds regionais Dennis Lockhart e John Williams disseram na terça-feira que havia justificativa para pelo menos dois aumentos dos juros neste ano porque a economia está se expandindo, e a inflação, acelerando.
"O tom das atas pegou muita gente de surpresa", disse Mohit Kumar, chefe de estratégia de juros da unidade corporativa e de investment banking do Crédit Agricole em Londres. "O mercado foi muito complacente. Por isso, não acho que uma alta nos juros em junho seja iminente. O Fomc precisa ver dados muito convincentes para ter a certeza de um movimento no mês que vem. Os últimos dados sobre o emprego, embora razoáveis, não foram suficientemente convincentes".
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