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Minério de ferro cai após frenesi da China e alta dos estoques

Jasmine Ng

23/05/2016 11h17

(Bloomberg) -- Os preços do minério de ferro, elevados pelo frenesi especulativo da China no mês passado, voltaram a cair fortemente. Os futuros despencaram na Ásia na segunda-feira depois que o aumento dos estoques portuários no principal consumidor gerou a preocupação de que a oferta global esteja mais uma vez superando a demanda.

Em Cingapura, o contrato SGX AsiaClear para liquidação em julho chegou a cair 5,7%, para US$ 46,03 a tonelada, e era negociado a US$ 46,34 às 13h48 pelo horário local, enquanto os futuros na Bolsa de Commodities de Dalian chegaram a cair 6,7%, atingindo o menor nível desde fevereiro. As ações de mineradoras como BHP Billiton, Rio Tinto e Fortescue Metals recuaram em Sidney.

O minério de ferro está em uma sequência tumultuada neste ano em um momento em que os investidores tentam avaliar os sinais econômicos conflitantes da maior economia da Ásia comparando-os com os estoques portuários ainda elevados. Na China, os traders acumularam futuros de matérias-primas como o minério de ferro em março e abril, ajudando a elevar os preços, e depois mudaram de curso quando houve repressão dos órgãos reguladores. Os estoques portuários ficaram acima de 100 milhões de toneladas, oferecendo novas evidências de aumento da oferta da Austrália e do Brasil, e a BHP projetou na semana passada que pode haver novos aumentos.

"Os estoques mais uma vez ultrapassaram o nível de 100 milhões de toneladas, indicando que a pressão da oferta subiu significativamente", disse Fan Lu, analista da Sinosteel Futures, em nota na segunda-feira. "As margens das siderúrgicas diminuíram quando a produção de aço se recuperou", suprimindo a demanda pelo minério de ferro, disse ela.

O minério de ferro com 62% de conteúdo estava em US$ 54,89 a tonelada na sexta-feira, 22% abaixo do pico de mais de US$ 70 registrado em abril, segundo a Metal Bulletin. Os estoques portuários subiram 1,6% na semana passada, para 100,45 milhões de toneladas, nível mais alto desde março de 2015, segundo dados da Shanghai Steelhome Information Technology. Eles aumentaram 7,9% neste ano.

Com a queda do minério de ferro, outras matérias-primas da fabricação do aço e produtos também recuaram. Os futuros do vergalhão em Xangai chegaram a cair 6,4% na segunda-feira, para 1.930 yuans (US$ 295) a tonelada. Os preços mais ativos haviam chegado a subir para 2.787 yuans há cerca de um mês. Os futuros do carvão de coque em Dalian despencaram.

O Goldman Sachs estava entre os bancos que disseram que os preços vistos durante o frenesi especulativo não durariam porque o excesso de oferta provavelmente retornaria. Na semana passada, Claudio Alves, diretor global de marketing e vendas de minério de ferro da Vale, que tem sede no Rio de Janeiro, disse que era preciso preparar-se para tempos mais difíceis.