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Pesadelo fiscal do Brasil reduz esperanças de traders

Mario Sergio Lima e Carla Simões

25/05/2016 11h31

(Bloomberg) -- Os investidores em títulos do Brasil estão tendo seu otimismo reduzido depois que o recém-nomeado ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu que os problemas fiscais do país são muito piores do que qualquer um teria imaginado.

Os yields das notas soberanas com vencimento em 2025 subiram 0,55 ponto percentual em relação ao nível mais baixo em quase 12 meses registrado em 12 de maio, quando o ministro assumiu a pasta. Desde então, Meirelles -- que compõe uma equipe econômica que o Goldman Sachs apelidou de "time dos sonhos" -- tem dito que a economia está em pior forma do que ele previa. O Brasil também enfrentará um déficit primário 75 por cento maior que o previsto pelo governo anterior.

Os investidores haviam acumulado títulos locais do Brasil com a especulação de que a saída da presidente Dilma Rousseff abriria caminho para um novo governo mais capacitado para tirar a maior economia da América Latina de sua pior recessão em um século. O presidente interino, Michel Temer, disse na terça-feira que pedirá ao Congresso a limitação de subsídios e a aprovação de um limite de gastos para o governo com o objetivo de restaurar a confiança dos investidores.

"A situação econômica é muito problemática e a saída para resolver essa situação é tomar medidas impopulares, que são difíceis de aprovar no Congresso", disse Rodrigo Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda, com sede no Rio de Janeiro. "Isto explica por que os yields subiram um pouco desde que Temer assumiu".

Uma emenda constitucional, necessária para implementar o limite de gastos, deve ser enviada ao Congresso em duas semanas, segundo Meirelles. A PEC precisa ser aprovada duas vezes, por três quintos da Câmara e do Senado.

Em 23 de maio o governo apresentou um projeto de lei que lhe permitiria reportar um déficit primário recorde de R$ 170,5 bilhões (US$ 48,4 bilhões) em 2016, contra uma projeção de R$ 97 bilhões do governo Dilma.

A economia encolherá 3,83 por cento neste ano após uma contração de 3,85 por cento em 2015, segundo economistas consultados pelo Banco Central.

"Estamos percebendo o quão ruim é a situação do Brasil e a nova equipe econômica terá de trabalhar no máximo de sua inegável capacidade", disse Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina. "Será uma batalha longa".