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Estratégia da Arábia Saudita compensa e alivia conflito na Opep

Grant Smith

27/05/2016 13h46

(Bloomberg) -- A Arábia Saudita vem brigando com os outros membros da Opep desde que a crise do petróleo começou, há dois anos. Na próxima semana, pela primeira vez, o país poderá argumentar convincentemente que sua estratégia de apertar os produtores rivais está dando certo.

Ao sufocar os fornecedores que têm custos mais altos, a abordagem saudita praticamente erradicou o excesso mundial de oferta e estimulou uma recuperação dos preços de 80% desde janeiro. Todos menos um dos 27 analistas consultados pela Bloomberg disseram que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo manterá essa estratégia em vez de definir limites para a produção quando os ministros se reunirem em Viena no dia 2 de junho.

"Talvez isso não pareça uma vitória em comparação com a época em que o barril de petróleo custava US$ 100, mas a estratégia saudita está funcionando, porque surgiram declínios significativos da produção em diversos lugares e os preços estão subindo lentamente", disse Seth Kleinman, diretor de pesquisa sobre energia do Citigroup. "Isso torna ainda mais remotas as chances de que eles abandonem esse plano".

Os preços mais baixos provocaram consequências negativas para a produção, dos EUA à Nigéria. Analistas da Agência Internacional de Energia (AIE) ao Goldman Sachs Group afirmam que a abundância de petróleo está se dissipando porque a oferta e a demanda estão voltando ao equilíbrio. Essa mudança poderia significar uma reunião menos conflitiva do que a anterior, realizada em dezembro, que terminou com os membros Venezuela e Irã criticando publicamente a posição da colega Arábia Saudita.

Maior queda da produção

A produção de petróleo dos países que não fazem parte da Opep deve sofrer neste ano a maior queda desde 1992 porque o boom do petróleo de xisto que fomentou a abundância global está vacilando, projeta a AIE, que tem sede em Paris. A produção dos EUA caiu durante 11 semanas até chegar ao patamar mais baixo desde setembro de 2014 e será em média 8,5 por cento menor neste ano que em 2015, estima a Administração de Informação de Energia dos EUA.

Qualquer ação que eleve os preços só resgataria as produtoras dos EUA e colocaria em perigo o retorno ao equilíbrio, disse Mike Wittner, diretor de pesquisa sobre o mercado de petróleo do Société Générale em Nova York.

Embora as economias de alguns membros da Opep, como Venezuela e Nigéria, continuem sob pressão, esses países provavelmente se resignaram a seguir o caminho estipulado por Riade, disse Jason Bordoff, diretor do Centro de Políticas Mundiais de Energia, da Universidade de Columbia, em Nova York.

O único analista consultado que previu um acordo, Phil Flynn, da Price Futures Group, em Chicago, espera que o grupo dê continuidade à iniciativa interrompida em Doha e decida "congelar" a produção nos níveis atuais.